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Guarda lidera área ardida

Incêndio em Paipenela colocou distrito em destaque no último Relatório Provisório de Incêndios Florestais

A Guarda aparece no topo da tabela dos distritos com maior área ardida, no período compreendido entre 1 de Janeiro e 15 de Agosto. Os números constam do Relatório Provisório de Incêndios Florestais da Direcção-Geral dos Recursos Florestais, publicado na passada semana.

Os maiores valores de área ardida verificam-se no distrito da Guarda, onde as chamas já consumiram 1.264 hectares (161 hectares em povoamentos e 1.103 em matos). Segue-se Bragança, com 1.207 hectares. Ainda assim, o maior número de incêndios aconteceu em Vila Real e Braga (200 e 185 ocorrências, respectivamente). Na Guarda foram registados 166 incêndios florestais e 266 fogachos (ocorrências com menos de um hectare de área ardida), o que perfaz 432 ocorrências. Entretanto, desde o início do ano, apenas quatro incêndios ultrapassaram, em matéria de área ardida, os 100 hectares (considerados “grandes incêndios”). O de maiores proporções deflagrou, no passado dia 5, no Carvalhal/Paipenela (Mêda), – que, segundo o relatório, terá tido origem numa «queimada» – e consumiu um total de 535 hectares. Até agora, a base de dados nacional de incêndios florestais contabiliza 7.271 ocorrências (1.353 incêndios florestais e 5.918 fogachos), que consumiram uma área total de 7.231 hectares entre povoamentos (2.304 hectares) e matos (4.927 hectares).

O histórico entre 1998 e 2008 mostra que, este ano, o total registado em ocorrências e áreas ardidas «é inferior a valores de anos anteriores, à excepção de 2007», sublinha o documento. «Comparando os registos do corrente ano com os valores médios do decénio anterior, registaram-se menos 9.300 ocorrências e arderam menos 104.291 hectares», lê-se. Nos primeiros quatro meses do ano, os números de ocorrências «aproximam-se dos valores médios dos últimos 10 anos». Contudo, nos subsequentes registaram-se «valores de ocorrências substancialmente inferiores à média», aponta o relatório. Através da análise da precipitação e da temperatura, o documento refere um Inverno e um início de Primavera mais secos e quentes que o normal, enquanto Abril e Maio foram mais chuvosos, com valores de precipitação «superiores ao normal». Já o mês de Junho caracterizou-se por valores de precipitação bastante inferiores ao normal e de temperatura ligeiramente superior ao habitual. Em Julho, ambos os parâmetros «se aproximaram das respectivas normais climatológicas».

Este ano é apontado, aliás, como «um dos que apresenta condições meteorológicas menos favoráveis à ocorrência de incêndios». Mas para o menor número de fogos também tem contribuído, sublinha o documento da DGRF, «a sensibilização junto das populações e os esforços de vigilância têm contribuído para uma redução do número de ocorrências». Opinião reforçada por António Fonseca, o comandante distrital operacional da Protecção Civil: «Desde 2005 que se assiste uma diminuição da área ardida, o que nos pode levar a pensar que o modelo implementado [“Portugal sem fogos depende de todos”] terá tido algum resultado. A campanha lançada em 2006 responsabilizou toda a sociedade portuguesa em relação aos incêndios e não apenas os bombeiros», refere o responsável. Por outro lado, o relatório aponta outros factores que têm permitido reduzir a extensão da superfície queimada, como «as acções de prevenção estrutural e um combate mais incisivo».

Já António Fonseca sublinha que houve uma redução no número de incêndios: «Comparativamente há 10 anos, a média dos últimos cinco anos é manifestamente melhor», sublinha. Segundo o comandante distrital, o distrito apresentou, nas últimas duas décadas, os maiores valores de área ardida. Para isso contribuíram vários factores, «como o tipo de incêndios, de vegetação e de actividades agrícolas “sui generis” desenvolvidas na região». E recorda, a propósito, que o distrito tinha «2.000 incêndios por ano há 10 anos, enquanto que no ano passado houve apenas 800». «Neste contexto, o número de meios já é adequado, para além de que a sua dispersão é menor e a organização manifestamente maior», sublinha.

Rosa Ramos

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