A RTP resolveu na passada quinta-feira um «défice notório e notado» ao abrir na Guarda uma delegação regional. A constatação é de Luís Marques, vogal do Conselho de Administração (CA) do grupo Rádio e Televisão de Portugal, que considerou esta abertura uma decisão de «elementar justiça», já que a cidade era uma das únicas capitais de distrito onde a RTP não estava presente. Uma lacuna colmatada cinco após a delegação ter sido reivindicada por autarcas e forças vivas do distrito.
As novas instalações, comuns para a rádio e televisão públicas, resultam da requalificação do edifício do antigo emissor da RDP, com um custo total de 80 mil euros, tendo sido implementado um estúdio de televisão, uma sala de montagem e melhorado o antigo estúdio de rádio. A delegação da Guarda, onde trabalharão Jorge Esteves (jornalista) e Ismael Marcos (repórter de imagem), funcionará na dependência de Coimbra e vai cobrir todo o distrito da Guarda, cujo potencial sócio-económico «determina que seja uma zona de permanente acompanhamento noticioso», refere uma nota do grupo. A cerimónia de inauguração contou com a presença de várias autoridades distritais, com destaque para D. Manuel da Rocha Felício, Bispo Coadjutor da Guarda. Visivelmente satisfeita estava Maria do Carmo Borges, para quem o acontecimento foi «um dia óptimo para a Guarda». A presidente do município recordou que a autarquia tinha vindo a reivindicar uma delegação da televisão pública desde 1999. «O essencial está finalmente concretizado, que é termos uma delegação da RTP. Espero que ninguém no-la tire», insistiu. Também o Governador Civil cessante, Joaquim Lacerda, se mostrou contente com a abertura da estrutura e agradeceu esta «janela aberta» para o distrito. Destacou ainda o facto da numerosa comunidade emigrante oriunda da região poder ver «com maior frequência o que de bom acontece por cá», enquanto o distrito ganha «maior visibilidade nacional».
Presente na cerimónia, Almerindo Marques, presidente do CA do grupo Rádio e Televisão de Portugal, referiu ser «obrigação» das empresas públicas estarem instaladas em todo o país. «Com esta delegação, estamos a reforçar a componente local e regional de ambas as estações. Sem isso, o serviço público ficará amputado das valências que deve ter», acrescentou o responsável máximo do grupo estatal, anunciando que a recuperação de instalações vai prosseguir em Bragança, enquanto decorrem negociações para as delegações de Vila Real e Faro. Por sua vez, Luís Marques destacou o facto de ter havido na empreitada um «desvio de mil euros» em relação ao orçamento inicial. «A Guarda foi a segunda intervenção de fundo depois de Coimbra e temos agora instalações funcionais e operacionais, com a melhor tecnologia de rádio e televisão», acrescentou.
Luis Martins