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Guarda ganha nova cadeia feminina

Com 61 mulheres e 21 homens em situação de regime aberto, o antigo Centro Educativo do Mondego já é oficialmente Zona Prisional do Mondego

Os tradicionais muros altos que habitualmente caracterizam as cadeias não fazem parte da recém-inaugurada Zona Prisional do Mondego, antigo Centro Educativo do Mondego, em Cavadoude (Guarda). O espaço que durante 91 anos recebeu jovens em cumprimento de medida tutelar educativa integra desde a passada quinta-feira o Estabelecimento Prisional da Guarda e tem capacidade para acolher 82 reclusos.

Destinado sobretudo a mulheres (61), as novas instalações acolhem sobretudo presidiárias do interior, originárias dos distritos da Guarda, Castelo Branco, Portalegre e Viseu, e vem «resolver uma multiplicidade de problemas». Segundo o diretor-geral da Reinserção e Serviços Prisionais, Celso Manata, o espaço que anteriormente existia na Guarda «era muito deficiente, reduzido e as condições não eram as melhores». Também presente na inauguração, a secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Helena Mesquita Ribeiro, acrescentou que até aqui a população jovem do sexo feminino ia para Lisboa e que com este espaço as reclusas oriundas do interior poderão ficar perto das famílias. «É um importante fator de reintegração social», sublinhou a governante.

Além das 61 mulheres, a Zona Prisional do Mondego tem ainda capacidade para acolher 21 reclusos que se encontrem em situação de regime aberto. Seis deles foram, aliás, os primeiros ocupantes do edifício agora recuperado e cujas obras foram da sua responsabilidade. O trabalho foi realizado com um orçamento de 65 mil euros e impressionou todos os que visitaram o edifício na cerimónia de inauguração. As novas instalações comportam uma área administrativa, salas de convívio e pátios de recreio, refeitórios, espaços escolares e de formação, ginásio, capela, cozinha e estão também previstos quartos de visitas íntimas. Condições que João Paulo Marques, um dos reclusos transferidos do Estabelecimento Prisional da Guarda, prefere. «Aqui temos melhores condições», refere o homem que está a cumprir pena por consumo e tráfico de droga.

A prisão deu-lhe a oportunidade de tirar uma licenciatura, em Restauração e Catering, em Seia. «Vou às aulas no meu próprio carro e regresso todos os dias ao final do dia, venho aqui dormir e aos fins-de-semana ajudo como eletricista», revela João Paulo Marques. Também Nuno Tavares encontrou na “nova casa” «um ambiente melhor», descrevendo-o como «familiar amigo e acolhedor». A Zona Prisional do Mondego oferece ainda valências de formação aos reclusos. Com uma sala equipada para formação em cabeleireiro, também os vastos terrenos que rodeiam o edifício poderão dar frutos na agricultura – serão os próprios presos que cuidarão do campo. As áreas de eletricista e informática serão outras ofertas do centro prisional.

Garantidos todos os postos de trabalho

Está tudo pronto para arrancar, mas por agora o novo estabelecimento prisional arranca ainda a “meio gás” para «criar rotinas», explicou Celso Manata, adiantando que até abril deverão ser colocados mais guardas prisionais, à medida que aumente o número de reclusas, uma vez que serão transferidas de outros estabelecimentos.

Quanto aos postos de trabalho do antigo Centro Educativo do Mondego, o responsável pelos Serviços Prisionais garantiu que «houve um trabalho apurado para tentar resolver um problema pessoa a pessoa». Alguns dos funcionários do antigo reformatório continuam a trabalhar ali, outros permitiram «reforçar outras equipas», sendo que só terão sido transferidos para outras zonas quem mostrou disponibilidade, garantiu Celso Manata.

Ana Eugénia Inácio Inauguração foi presidida pela secretária de Estado Adjunta e da Justiça

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