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Guarda e Viseu na corrida por estação de TGV

Cidades reclamam paragem antes da fronteira espanhola

Anunciada a futura rede de alta velocidade em Portugal, vai agora começar a “luta” pelas estações nas principais cidades contíguas ao traçado entre Aveiro e Vilar Formoso. Sendo certo que nem todas serão contempladas, os próximos anos vão ser duros na disputa por uma paragem de TGV. Viseu e Guarda são as principais candidatas e têm argumentos de peso, já explanados pelos seus autarcas nestes últimos dias. Entretanto, Carmona Rodrigues, ministro das Obras Públicas, justificou esta ligação por atravessar uma região do país «onde há pessoas e capacidade de desenvolvimento local», em detrimento da linha Entroncamento-Cáceres. Quem já quer saber mais pormenores e esclarecer «dúvidas» é Fernando Cabral, deputado socialista eleito pelo círculo da Guarda.

O parlamentar começa por recordar que esta é uma linha para média velocidade e não de alta velocidade, «como muitas vezes se quer fazer crer», e lamenta que o principal corredor ferroviário de escoamento de passageiros e mercadorias para a Europa seja remetido para uma «execução final da totalidade do projecto». Mas até lá Fernando Cabral quer ver salvaguardados os interesses da região da Guarda: «Obviamente que a Guarda terá que ser contemplada com uma paragem para potenciar sinergias. A Plataforma Logística, o cruzamento de corredores ferroviários e rodoviários e a proximidade à fronteira não podem, nem devem, ser desprezados», avisa, dizendo-se ainda preocupado com o financiamento do projecto, nomeadamente a transferência dos investimentos da rede convencional para este novo projecto. Nesse sentido, o deputado quer saber se o corredor de média/alta velocidade previsto entre Aveiro e Salamanca vai ser, no território nacional, construído «totalmente de raiz ou aproveitará, nalguns locais», a plataforma e as estruturas hoje existente para a Linha da Beira Alta. Mas também quais são as estações previstas e, sobretudo, se este projecto «vai inviabilizar a modernização da totalidade da Linha da Beira Baixa, nomeadamente no seu troço entre a Guarda e a Covilhã».

Maria do Carmo está «satisfeita» com esta opção e já disse que quer ter uma paragem na Guarda. «Numa distância tão curta, este comboio não deve parar em Viseu ou Vilar Formoso, mas sim nas proximidades da cidade. Só essa faz sentido», defende, lembrando a plataforma logística, e o consequente transporte de mercadorias, mas também a posição geo-estratégica da Guarda no contexto rodoviário regional, «com ligações por auto-estrada a Castelo Branco e a Viseu no futuro, sendo ainda a última cidade antes da fronteira espanhola». Em Viseu, Fernando Ruas, presidente da Câmara, já se congratulou com «a entrada» do seu município na rede de alta velocidade, embora questione a prioridade dada à linha Aveiro-Viseu-Salamanca, como faz questão de sublinhar: «Penso que a ligação Aveiro-Salamanca mereceria maior prioridade, por ser a que melhor representa a posição nacional», destaca. Contudo, não esquece que Carmona Rodrigues disse, em Outubro último (ver “O Interior” de 9 de Outubro), que a cidade de Viriato «tem-se desenvolvido e aumentado a população, sendo um pólo muito importante numa zona interior do país».

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