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Greve “parou” transportes na Guarda e Covilhã

As más condições de trabalho estiveram na origem da paralisação da passada quinta-feira que teve a adesão de «cerca de 95 por cento» dos motoristas do grupo Transdev

«O lema da Transdev em Portugal neste momento é: quero, posso e mando». Ouvia-se entre os trabalhadores que, na quinta-feira, se juntaram junto às oficinas da Joalto e da Rodoviária da Beira Interior (RBI), do grupo Transdev, na Guarda-Gare, como forma de protesto. Os principais afetados foram os transportes urbanos e escolares, enquanto os expressos saíram com atrasos consideráveis por causa da primeira greve da história daquelas transportadoras.

Pedro Santos, um dos trabalhadores, justificou a greve com «o descontentamento a nível salarial, os tempos de disponibilidade, as horas extraordinárias mal pagas e as condições de trabalho», queixas partilhadas pelos restantes colegas. «Atualmente perante a empresa temos só deveres, direitos são zero», lamentou o motorista, asseverando que «está a tornar-se insustentável». A greve envolveu os motoristas do grupo Transdev da Guarda e Covilhã, tendo contado com uma adesão de «cerca de 95 por cento», estima Pedro Santos, referindo terem estado em greve «cerca de 55 trabalhadores». Esta paralisação foi «um último recurso, porque isto já acontece há algum tempo e começamos a sentir-nos lesados», defendeu Pedro Santos, que espera que a empresa ceda «alguma coisa, se não teremos de partir para outras formas de luta».

Outra das preocupações são os colegas «que fazem contratos de nove meses e são descartados como “lixo”», denuncia o motorista, acrescentando que «não estamos contra as nossas chefias diretas, mas sim contra a política do grupo Transdev e do administrador da zona da Beira Interior». A frota também não tem as condições ideais: «Por vezes, os passageiros ficam a pé porque o autocarro também fica a “pé” e não é por causa dos motoristas», vinca José Queirós. Neste protesto também não foi esquecido o relacionamento “frio” da empresa. «Os motoristas já se encontram de joelhos, não pensem que nos vão por a rastejar», avisou José Queirós. Por sua vez, José Branquinho, coordenador da União de Sindicatos da Guarda, criticou as condições de trabalho: «Desde que o grupo Transdev adquiriu a Joalto as condições foram-se deteriorando, os horários aumentaram e os salários estão congelados», criticou, lamentando que a administração ainda não tenha reunido com a comissão de trabalhadores ou o sindicato desde a greve: «Os trabalhadores estão cansados e, caso não haja resposta, podem repetir-se ações como esta», avisou o sindicalista.

Motoristas da Guarda reuniram-se junto às oficinas da empresa

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