Setenta e quatro alunos da cidade da Guarda não puderam realizar, na passada segunda-feira, o exame de Língua Portuguesa do 9.º ano. A Escola EB 2 e 3 da Sequeira foi a mais afectada pela greve dos professores. Nenhum dos 60 alunos inscritos pôde realizar os exames nacionais «por falta de vigilantes nas três salas previstas para o efeito», disse o presidente do Conselho Executivo, adiantando que a adesão à paralisação rondou os 93,5 por cento.
Segundo José Grilo, dos 79 professores convocados para vigiar as provas de Português apenas cinco compareceram naquele estabelecimento de ensino. Mas desses, só um tinha condições para a função. Aquele responsável recusou comentar a situação, dizendo aguardar directivas da Direcção Regional de Educação do Centro (DREC) sobre as implicações da greve. Menos problemático foi o cenário vivido na Secundária Afonso de Albuquerque, a maior escola da cidade, onde apenas 14 alunos não puderam prestar provas. É que apenas uma das quatro salas reservadas para o efeito não funcionou normalmente, apesar de alguns professores se terem concentrado à porta do estabelecimento para impedir a sua realização. António Soares, presidente do Conselho Executivo, adiantou que a adesão à greve foi superior a 95 por cento. À parte estes dois casos, as provas decorreram em clima de normalidade nas restantes escolas da cidade. De acordo com um comunicado do Ministério da Educação, os alunos afectado por este protesto dos docentes irão repetir os exames em data ainda a definir. A tutela já prometeu igualmente penalizações aos professores que não assegurarem os serviços mínimos, naquele que é o ano de estreia dos exames nacionais do 9.º ano.
Desvalorizando estas ameaças, dois dos sindicatos mais representativos na Guarda congratularam-se, em comunicado, com a «elevada percentagem» de adesão à greve. O Sindicato de Professores da Região Centro (SPRC) e a Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL) falam em mais de 90 por cento e destacaram que «apesar de termos sido pressionados pelas mais variadas formas por parte do ministério, os professores da Guarda não se deixaram intimidar e lutaram pelos seus direitos». No total, 191 alunos não prestaram provas de Língua Portuguesa em cinco escolas da região Centro: uma em Castelo Branco, uma em Coimbra, duas na Guarda e uma em Viseu, naquela que já é considerada a maior greve de professores dos últimos 15 anos. Recorde-se que a Federação Nacional dos Professores (FENPROF) e a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) agendaram para esta semana quatro dias de greve regionais. Em causa está a política do Governo para a Função Pública e sobretudo o congelamento de carreiras e o aumento da idade de reforma.