O secretário de Estado Adjunto e das Obras Públicas anunciou na última quinta-feira que o Governo está a reanalisar os projectos dos Itinerários Complementares 6 (Covilhã-Coimbra), 7 (Vendas de Galizes-Celorico da Beira) e 37 (Seia-Viseu) para optar pela construção de apenas um IC na corda da Serra da Estrela. Segundo Jorge Costa, os traçados destas três vias estão «muito próximos e têm que ser revistos» no âmbito da revisão do Plano Rodoviário Nacional (PRN): «Parece-nos que para uma região tão pequena, em termos de dimensão de território, são IC’s a mais», acrescentou o governante.
Estes projectos têm vindo a ser protelados há mais de uma década na região serrana, apesar das insistentes reivindicações de autarquias como Gouveia, Seia ou Covilhã, que anseiam por ligações rápidas e em segurança ao litoral. Mas tudo parece ter voltado à estaca zero. «Há que reequacionar estas estradas para definir os traçados que melhor servem os interesses da região e avançar para os projectos definitivos, porque os meios financeiros à nossa disposição são escassos, há estudos ambientais a ter em conta, assim como a A23 e o facto da A25 ficar pronta em 2006», referiu o secretário de Estado. De resto, Jorge Costa revelou que um dos «grandes objectivos» do novo PRN – que o Governo espera ter pronto durante o primeiro semestre de 2005 e «devidamente adaptado» à realidade actual das estradas portuguesas – é ligar as sedes de concelho aos grandes eixos rodoviários que cruzam as regiões, como a A23 e A25 na Beira Interior. Instado a comentar estas declarações, Carlos Pinto (que na semana passada escreveu um artigo de opinião no “Jornal do Fundão” a exigir uma auto-estrada Covilhã-Coimbra), disse não abdicar desse perfil no IC6, uma via que importa fazer o «mais rapidamente possível».
O autarca da Covilhã escreveu recentemente a Santana Lopes a solicitar a abertura do concurso público para a concepção, construção e exploração da «Auto-Estrada Covilhã-Coimbra», argumentando que a mesma vai «desencravar» a região no acesso ao litoral. É que, para Carlos Pinto, nenhuma das quatro ligações existentes «é satisfatória», com tempos de viagem «nunca inferiores a duas horas e pouca segurança». O mesmo argumento também é válido no sentido inverso, já que este projecto irá «desencravar» Coimbra no acesso à fronteira. Por último, o edil espera que o «obsoletismo previsível» do IP5, «e o seu custo em vidas e recursos», tenha servido de exemplo: «Se a ligação Covilhã-Coimbra não for construída em auto-estrada estaremos, dentro de pouco tempo, a repetir o “síndroma” do IP5», avisa. Este e outros assuntos relativos às acessibilidades à Serra da Estrela irão ser debatidos no próximo dia 24 no auditório do Parque Natural da Serra da Estrela por ocasião de uma reunião extraordinária da Câmara de Seia no alto da Torre. É objectivo de Eduardo Brito, presidente do município senense e outro acérrimo defensor do IC6 em perfil de auto-estrada, mas também do IC7 e IC37, fazer o ponto da situação nestes projectos que, na sua opinião, «não têm merecido o melhor tratamento». Tanto mais que aqueles três IC’s são considerados pela autarquia «verdadeiramente estruturantes para a região».
Luis Martins