A fusão de politécnicos e universidades não foi abordada na reunião com os ministros Nuno Crato e Miguel Poiares Maduro, que defendem a especialização das instituições em áreas relacionadas com o território onde estão inseridas.
Promover a captação de estudantes e investigadores é o compromisso do Governo com os politécnicos e as universidades do interior, que devem especializar-se em áreas relacionadas com o território onde estão inseridas. Estas foram as soluções apresentadas pelos ministros Nuno Crato (Educação e Ciência) e Miguel Poiares Maduro (Adjunto e do Desenvolvimento Regional) para garantir a sustentabilidade destas instituições numa reunião com autarcas, reitores e presidentes de Institutos realizada segunda-feira, na Guarda. De fora deste encontro ficou a eventual fusão ou agregação de politécnicos e universidades.
No final da «“cimeira da Guarda”», como a classificaram os governantes, Miguel Poiares Maduro sublinhou que «há um consenso quanto ao facto do desenvolvimento económico do interior e da coesão territorial passar muito pela capacitação e valorização do território». Nesse sentido, a prioridade é captar e fixar estudantes e investigadores, bem como promover a excelência de politécnicos e universidades do interior, sendo que os primeiros devem estar mais vocacionados para apoiar valorizar o tecido empresarial das suas regiões. «Se estas instituições apostarem na sua especialização e excelência, em áreas de conhecimento que têm relação com o tecido empresarial e com o território em que se encontram, elas terão seguramente apoio do Governo», assumiu o ministro, que não se comprometeu com financiamento por os fundos comunitários estarem ainda em «fase de programação».
Por sua vez, Nuno Crato considerou que Portugal tem que «crescer em número de estudantes, sobretudo no interior». Para tal, «deve haver uma coordenação entre instituições, autarquias e empresas para adaptar a oferta formativa às necessidades locais, de forma a garantir a empregabilidade dos estudantes», disse o ministro da Educação e Ciência, para quem «há sintonia quanto ao caminho a seguir para que o interior se desenvolva». De resto, o governante destacou a criação dos cursos técnicos superiores e a publicação do estatuto do estudante estrangeiro, que classificou de «arma fundamental» para atrair estes estudantes para todo o país. «Este estatuto permite que as instituições tenham uma oferta específica e uma quota para estudantes estrangeiros», mas também que estabeleçam as propinas dessa oferta, referiu.
No entanto, o presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) desvalorizou esta medida, considerando que os alunos estrangeiros «vão continuar a escolher os grandes centros». Para Constantino Rei, «o que é preciso é encontrar nichos de mercado» nesta área e assumir que «não há ensino superior a mais no interior, sendo antes necessário garantir a sua sustentabilidade». Após esta reunião, o responsável admitiu também que «não vai haver reorganização do ensino superior» e que a partilha de professores «já se faz» entre a UBI e o IPG. Constantino Rei defendeu ainda que os novos cursos profissionais superiores «não devem colidir com os CET» e que as bolsas de mobilidade devem aplicar-se a quem queira estudar em instituições sediadas em cidades de pequena e média dimensão. Já Álvaro Amaro disse-se satisfeito com as medidas anunciadas, pois «a política educativa é fundamental para a coesão do território». Para o presidente da Câmara da Guarda – e anfitrião da reunião –, «mais estudantes significa mais economia e mais emprego».
Luis Martins