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Governo caiu

Sem surpresas, o governo de Pedro Passos Coelho caiu ontem no Parlamento com a aprovação da moção de rejeição ao seu programa apresentada pelo PS, com votos a favor de todos os deputados de PS, PCP, BE, PEV e PAN (123). E votos contra de todos os deputados do PSD e do CDS (107). Não houve abstenções.

O governo caiu às 17h16 num dia que fica para a história, pois nunca antes em democracia tinha caído um governo através de um chumbo de programa após eleições. Antes, também nunca a esquerda se tinha unido para uma solução de governação. O dia ficou marcado pelo tão aguardado duelo entre Passos Coelho, que declarou que «não é todos os dias que se sai do Governo com o voto do eleitorado», e António Costa, que prometeu que não viabilizaria o programa da direita. «Palavra dada é palavra honrada», repetiu o futuro primeiro-ministro.

As decisões ficam agora nas mãos de Cavaco Silva, que, pouco mais de um mês depois das eleições legislativas, terá de ouvir de novo as delegações de todos os partidos que conquistaram representação parlamentar. Agora, o chefe de Estado vê-se confrontado com o dever de indigitar um novo primeiro-ministro, sendo que a maioria parlamentar pertence desde dia 4 de outubro à esquerda e apresenta um acordo para uma solução governativa de iniciativa PS.

Se Cavaco Silva não considerar que António Costa tem condições para ser empossado como primeiro-ministro – a principal exigência transmitida no discurso em que o Presidente da República nomeou Passos Coelho como chefe do Executivo é o respeito pelos compromissos europeus –, o chefe de Estado poderá ainda manter Passos como governante num Governo de gestão ou nomear um Governo de iniciativa presidencial, que terá, no entanto, de ser aprovado no Parlamento, adianta o “Expresso”.

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