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Gouveia grata a Jorge Mendes

Álvaro Amaro sugere criação de cursos ligados à reabilitação em 2006 no âmbito da Escola Superior de Saúde da Guarda

A Câmara de Gouveia agradeceu na semana passada a Jorge Mendes a sua contribuição para que a Escola Superior de Tecnologias da Saúde da Guarda pudesse abrir um ou mais cursos na “cidade jardim”. O presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) foi alvo de uma sessão pública de «gratidão» nos Paços do Concelho e ouviu Álvaro Amaro sugerir a criação em 2006 de cursos ligados à reabilitação. «Sabemos que já não é possível criá-los no próximo ano lectivo, mas que o sejam no seguinte», propôs o autarca. E o professor prometeu empenhar-se desde que haja «condições objectivas» para tal.

Jorge Mendes, que falou pela primeira vez no assunto, admitiu ter concordado com a possibilidade de alguns cursos de saúde poderem ser ministrados em Gouveia, mas com a ressalva de que essa abertura seja decidida pelos órgãos competentes da escola e do IPG, o que está referido na portaria de conversão de Enfermagem em Escola Superior de Saúde publicada a 3 de Março. Tudo o resto são polémicas «inúteis e estéreis», sustentou, aludindo à controvérsia suscitada na Guarda por causa desta indicação. O presidente do IPG defendeu depois que o Politécnico «não é só da capital de distrito» mas deve «apoiar» o desenvolvimento regional. «A minha visão nunca foi de “capelinhas”», garantiu, lembrando que os institutos com mais falta de alunos são «aqueles que ficaram fechados na sua área restrita». E esclareceu que há «vários» casos de portarias de criação de escolas e cursos em localidades distintas. «Esta não é caso único. Há muito tempo que em Leiria se acabou com a palhaçada do bairrismo», sustentou, não sem antes recordar que quem define os cursos do IPG são «as suas escolas e mais ninguém», recusando quaisquer pressões de terceiros. «Se considerarmos que há condições objectivas, não tenham dúvidas que, enquanto eu for presidente do Politécnico, haverá cursos em Gouveia», prometeu, considerando ainda «fundamental» a construção de um novo edifício para a Escola Superior de Saúde no campus do Zambito.

Igualmente satisfeito esteve Álvaro Amaro. «A portaria consagra o tal grande passo para Gouveia, mas ainda não resolveu a questão», disse, considerando a decisão da ex-ministra do Ensino Superior como a «mais importante para o nosso futuro», já que vai permitir concretizar o «sonho» do ensino superior na cidade. «Este documento permite-nos ganhar em relação a qualquer outro município do distrito e garanto desde já que a autarquia fará tudo para conseguir as condições que não estiverem reunidas para a abertura desses cursos», prometeu. O autarca sublinhou ainda que os estudantes são «o motor da economia» e mostrou-se confiante nos argumentos da Associação de Beneficiência Popular de Gouveia: «Tem as condições humanas, técnicas e tecnológicas para a criação de cursos ligados à reabilitação que a Guarda não tem», disse, defendendo o desenvolvimento «polarizado» do distrito.

«Todos sabiam o que estavam a fazer»

Maria do Carmo Borges não tem dúvidas que a alínea que garante a criação de cursos da área de saúde em Gouveia, no âmbito da nova Escola Superior de Tecnologias da Saúde da Guarda, é uma consequência de «três anos de martírio» a que o anterior Governo e alguns dirigentes locais do PSD votaram o concelho. «Alguém deliberou nesse sentido nesta e noutras matérias», acusa a presidente do município. «Não acredito que ninguém soubesse desse pormenor aquando do anúncio da conversão de Enfermagem. Todos sabiam o que estavam a fazer e o que estava a acontecer», lamenta, dizendo esperar que os órgãos competentes da escola e do IPG analisem «de forma científica» a criação de novos cursos «para não dar a ideia de que, afinal, isto é por pressões». A autarca considera mesmo que o desenvolvimento do distrito «não pode acontecer à custa do concelho da Guarda» e sublinha que a Escola Superior de Saúde deve primeiro «cimentar-se» na cidade antes de partir para outro lado. «Não acho correcto estar já a dividi-la com cursos noutro ponto do distrito quando ainda não tem sequer aprovadas as suas primeiras propostas», diz. De resto, para Maria do Carmo Borges “é importantíssimo” que o curso de fisioterapia seja ministrado na Guarda por causa do projecto do futuro Centro de Estágios, que não foi apoiado pelo anterior Governo.

Luis Martins

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