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«Gostaria de ver a central de compostagem a funcionar noutros moldes em 2010»

Cara a Cara – Entrevista: Carlos Pais

P – No arranque da Resiestrela, a administração falou na intenção de requalificar a central de compostagem. Como está esse processo?

R – Estes primeiros seis meses de actividade foram um tempo de reflexão e estudo. Temos que cumprir objectivos do ponto de vista legislativo e no que respeita ao enquadramento naquilo que é a gestão nacional dos resíduos sólidos urbanos. Foi um tempo de vislumbrar medidas para a melhoria da eficiência, de consolidar as opções estratégicas da empresa e ainda de identificar quais as acções a implementar no curto e médio prazo, no sentido de termos uma operação mais eficiente, mais rentável e mais duradoura. É neste contexto que surge a requalificação da central de compostagem, como um dos investimentos a realizar, que irá avançar em breve.

P – Qual a importância dessa obra?

R – A central de compostagem já leva alguns anos de operação. Os ambientes industriais deste sector têm um desgaste relativamente rápido de algumas das componentes, pelo que deve ser perspectivada a substituição e requalificação de parte do material. Associado a isto, há o facto de querermos transformar a nossa central numa estrutura mais adaptada aos novos paradigmas de gestão dos resíduos sólidos urbanos. Como tal, além de querermos reforçar a capacidade de retirada de matéria orgânica dos resíduos sólidos indiferenciados, queremos também que ela seja capaz de efectuar a separação de alguns componentes de materiais que ainda possam ser recicláveis. Vamos ver até que ponto será possível termos um novo “layout” industrial. Além disso, será possível aumentar a eficiência energética das instalações e melhorar as condições de trabalho dos nossos operadores e colaboradores.

P – Qual a quantidade de resíduos sólidos urbanos tratada anualmente?

R – São 75 mil toneladas por ano, das quais dez por cento vão para aterro.

P – Quando estarão as obras no terreno?

R – Gostaria de ver, já em 2010, a central a funcionar noutros moldes. Com esta requalificação, estaremos ao nível das melhores de Portugal e até do exterior. Se as obras não estiverem no terreno ainda durante este ano, espero que estejam concluídos, pelo menos, todos os procedimentos necessários em 2009. Muito em breve estaremos em condições de lançar o concurso público.

P – Qual o investimento previsto?

R – Será entre os dois e três milhões de euros e vamos candidatar a obra a fundos comunitários.

P – Quanto às dívidas dos municípios, que em Março eram de cinco milhões, qual o ponto da situação?

R – Temos tido um relacionamento profícuo com os municípios no sentido de regularizarem a situação, reconhecendo as dificuldades que têm em liquidar atempadamente as facturas e tendo consciência de que eles próprios gostariam de ter essa capacidade. Temos tentado encontrar formas de operacionalizar a liquidação das dívidas. Por exemplo, com os maiores accionistas e “clientes” da empresa, o Fundão e a Guarda, houve já uma acção destes municípios no sentido de liquidarem as dívidas em aberto. Este esforço é muito importante para a empresa porque a sua sustentabilidade financeira reside também muito na liquidação atempada. Existem sinais de que outros municípios venham também a fazer esse esforço a breve trecho. Neste momento, a dívida ronda os quatro milhões.

P – A Resiestrela sempre vai baixar o valor da tarifa dos resíduos sólidos urbanos, actualmente de 50,72 euros por tonelada?

R – A Resiestrela está a fazer todos os esforços para manter a tarifa actual e, se possível, fazer uma ligeira diminuição. É um assunto que está a ser profundamente estudado. A redução está dependente de sermos mais eficientes, de aumentarmos as nossas receitas, através da maximização e da recolha dos materiais recicláveis, e também de obtermos melhores condições de liquidação das facturas dos municípios.

Carlos Pais

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        funcionar noutros moldes em 2010»

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