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Gestão da sala de espectáculos definida

Executivo guardense deverá votar proposta a curto prazo

Maria do Carmo garante que já há uma proposta de gestão para a nova sala de espectáculos da Guarda e que a solução vai ser apresentada ao executivo «a curto prazo». Até lá, a presidente faz segredo sobre a matéria e recusa-se a adiantar mais pormenores até que o documento seja discutido e votado pelos vereadores. Tudo deverá ter ficado acertado há quinze dias atrás na última reunião do grupo de reflexão formado para o efeito por Américo Rodrigues (animador cultural), António José Dias de Almeida, António Godinho (ex-presidente do “Aquilo”), Victor Afonso (Mediateca) e Victor Amaral (“Aquilo”), entre outros.

Em cima da mesa estarão três perspectivas. A criação de uma empresa municipal ou de uma fundação terão sido encaradas com mais interesse jurídica, administrativa e financeiramente, enquanto a possibilidade de constituição de uma associação parece estar posta de lado. Os consultores terão analisado outras experiências do género em Portugal, onde a prática oferece um pouco de tudo, embora as mais bem sucedidas aconteçam com fundações, empresas municipais ou companhias residentes. O que já é certo é que o município vai ser o maior contribuinte da futura sala de espectáculos, cuja entidade gestora deverá ainda procurar eventuais mecenas para diversificar as fontes de receita de uma estrutura que se prevê de difícil gestão e rentabilidade. Contudo, a programação da futura sala de espectáculos da Guarda deverá ser apoiada substancialmente no âmbito do Programa Operacional da Cultura (POC) e do emergente Instituto das Artes (IA), que poderá ver a luz do dia no final de 2005 (ver texto nestas páginas). Uma ajuda que não será de enjeitar e será proporcional ao dinamismo do projecto, mas que só estará disponível a partir de 2006, depois de testado o funcionamento da emergente rede de teatros municipais.

No terreno, o primeiro módulo está em fase de acabamentos, faltando a cobertura do auditório, enquanto o edifício principal entrou na fase de toscos. Ali nascerão dois volumes «puros e duros» pouco habituais por estas bandas. Para Carlos Veloso, arquitecto autor do projecto, a sala de espectáculos vai ter uma presença «mais forte» em termos de espaço público e promoverá uma reestruturação urbana «necessária» no centro da cidade. «A Guarda virou as costas a esta zona, que pode vir a ser uma área mais modernista consoante a dinâmica que for criada à volta dos edifícios», explica o arquitecto, para quem o local oferece grandes potencialidades para se tornar um «centro cívico ou uma ágora» com espectáculos e acontecimentos ao ar livre. Ressalva, no entanto, que este ambicionado usufruto público só será possível se a fruição do local for promovida através de iniciativas atractivas e do desaparecimento do quartel da GNR. «Caso contrário, corremos o risco de ter ali um “cul de sac” em que as pessoas serão obrigadas a sair por onde entraram por falta de percursos ou acessos alternativos à Rua Batalha Reis», esclarece Carlos Veloso. Por isso, o arquitecto considera essencial «eliminar» o quartel da GNR das proximidades para possibilitar alguma construção nas imediações e a «integração» do equipamento no espaço público. «Virei a entrada das salas para o lado de lá já a contar com a libertação daquele espaço, mas também para criar alguma pressão para que se faça um novo quartel na Guarda», ironiza. Até lá, Carlos Veloso espera que esta intervenção possa funcionar como «chamariz» para a cidade, atraindo «públicos diferentes e exteriores».

Luis Martins

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