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Ganhar dimensão

Menos que Zero

A TAP propôs à Portugália e à SATA uma aliança nacional no transporte aéreo. O objectivo é conseguir que cada uma delas se dedique a um determinado tipo de rotas, evitando uma concorrência interna que conduziria inevitavelmente as três empresas à falência. Esta notícia, banal noutro local do globo, é importante num país como o nosso, onde a mentalidade do minifúndio continua a fazer escola.

Numa economia global onde, cada vez mais, a dimensão é fundamental, assistimos ao percurso de empresários portugueses que caminham orgulhosamente sós para o abismo. Com um mercado interno diminuto, um tecido empresarial débil e sem marcas de expressão mundial – para além da Mateus Rosé – a economia portuguesa tem de abandonar velhas ideias e enveredar pelo caminho das alianças. A proposta da TAP é um excelente exemplo de potenciação de meios, uma louvável iniciativa de conjugação de esforços que devia ser seguida por outras áreas da economia, sobretudo ao nível regional.

O futuro passará pela aliança ou fusão de empresas ligadas ao mesmo sector, sendo desejável que este movimento de concentração se verifique entre empresas nacionais.

Veja-se o caso da Paulo de Oliveira SA, na Covilhã: esta empresa é já hoje a maior produtora de tecidos de lã da Península Ibérica e foi, em 2002, a 7ª nacional do seu sector, em termos de VAB (Valor Acrescentado Bruto). A Penteadora, propriedade do mesmo empresário, ocupa a 13ª posição neste ranking e, em conjunto, as duas empresas ocupariam o 3º lugar. Depois da recente compra da Nova Penteação, e com base em valores estimados, as três empresas de Paulo Oliveira poderão vir a ocupar o 1º lugar do ranking nacional do sector têxtil, em termos de criação de riqueza para o país. Trata-se, evidentemente, de um bom exemplo do que as empresas portuguesas, independentemente da sua localização, têm a ganhar com alianças e fusões.

Por: João Canavilhas

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