O fenómeno dos gangues juvenis chegou à cidade da Guarda. Há pelo menos três – em S. Vicente, na Sequeira e na Estação – e estão todos na mira das autoridades pela prática de crimes de rua, sobretudo por agressões, mas também por vandalismo e alguns furtos, apurou O INTERIOR.
Nas últimas semanas, a delinquência juvenil tem levado à detenção e identificação de vários jovens, todos alunos das escolas secundárias da cidade. Uma das situações de maior violência ocorrida recentemente envolveu um gangue com mais de 20 membros que atacaram um grupo de quatro pessoas com armas brancas, ferros e paus. Três tiveram de ser assistidas no Hospital Sousa Martins, sendo que uma foi poupada pelos agressores. A agressão aconteceu durante a noite, nas imediações de um conhecido bar da zona histórica da cidade. As vítimas têm todas entre os 20 e 30 anos de idade – um estudante universitário, um segurança e um enfermeiro. A pessoa que escapou ao ataque é a namorada de um deles. «O meu filho ficou com um braço partido e, entretanto, teve que ser internado devido a um problema renal», lamenta a mãe de uma das vítimas, que pede para não ser identificada.
Segundo conta, a violência foi tal que, «a certa altura, havia uns sete a baterem num que até já estava caído no chão. Nem sabemos quem são [os agressores], o grupo do meu filho não os conhecia», diz, por seu turno, a mãe de outra das vítimas, que está actualmente em casa. «Está a recuperar do joelho e tem um braço partido», revela. Já a terceira vítima sofreu também uma fractura no braço. De acordo com os seus relatos, tratou-se de violência gratuita. Ambos os grupos tinham estado no bar em causa. Um dos elementos do gangue «chegou a meter-se» com uma das pessoas do outro grupo ainda lá dentro, mas sem que tenha havido confrontos ou que os agredidos «tenham suspeitado que seriam atacados mais tarde», relata uma das mães. De resto, estavam «com a cara destapada» e usavam roupas largas, o que lhes permitiu esconder armas brancas na cintura e paus e ferros nas mangas.
As vítimas acabaram por apresentar queixa na polícia, mas, para já, PSP e PJ não se pronunciam sobre o sucedido e nem confirmam a existência de gangues na Guarda. Contudo, O INTERIOR sabe que o caso já está nas mãos da Judiciária, que efectuou recentemente várias rusgas em cafés e bares da cidade com o objectivo de identificar os suspeitos, a maioria dos quais são menores de idade. Na madrugada da última sexta-feira, uma operação conjunta daquelas duas forças policiais levou à detenção e identificação de dezenas de jovens, que foram libertados. Já na Estação, por exemplo, há relatos de que o gangue identificado na zona não só agride pessoas na rua, à noite, como as assalta. Os gangues juvenis são um fenómeno urbano, sendo que em Portugal este tipo de delinquência ocorre maioritariamente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e envolvem jovens entre os 12 e 16 anos de idade.