A cidade da Guarda foi o berço da mais recente obra do escultor Luís Geraldes. “Gaivota” é o nome da escultura de ferro, pensada para a cidade de Vilamoura (Algarve), que vai ficar exposta no Museu de Escultura ao Ar Livre, integrado no Vilamoura Campo de Golfe. A peça, que vai estar pronta até sexta-feira, pretende ser uma representação abstracta «envolta numa simbologia específica, a gaivota como símbolo do mar e da região algarvia».
A utilização de elementos femininos e masculinos, a par de uma estrutura narrativa, também vão fazer parte da escultura, mas Luís Geraldes prefere deixar a parte da «descodificação» ao critério do cidadão comum e de todos aqueles que tiverem a oportunidade de apreciar o seu trabalho, os «melhores críticos», como ele próprio refere. «Prefiro dar a oportunidade aos leitores de descobrirem o que representa o meu trabalho, para que cada um faça a sua própria avaliação e tenha uma opinião personalizada», acrescenta. O facto da peça estar a ser concebida na Guarda, na oficina da empresa J. Matos, prende-se com às ligações do pintor à região, mais concretamente à cidade do Fundão: «Era extremamente importante fazer esta trabalho aqui, uma vez que existe toda uma envolvência com a região. As ligações à terra e aos amigos são fundamentais, dão-me mais espaço para criar», diz. Ainda sobre os aspectos essenciais no acto de criação, o escultor/pintor considera que deve existir um «balanço entre os elementos principais do “design”, a arquitectura e a cor». A tinta marítima, pensada para peças como esta, expostas a um clima específico, vai, através de cores fortes como o laranja, o amarelo e o verde – cores, segundo o autor, ligadas ao mar -, dar o «dinamismo e a expressividade» final ao trabalho.
E se a cidade quiser convidar Luís Geraldes para aqui desenvolver o seu trabalho, o autor até já tem uma ideia da temática. «Para a Guarda desenvolveria qualquer coisa ligada à terra, à Lusitânia, aos nossos antepassados», adianta, esperando por uma «oportunidade e um convite». A escultura de Luís Geraldes foi escolhida no âmbito de um concurso promovido pela autarquia algarvia, de entre 300 outras propostas, e vai poder ser vista, a partir de 23 de Janeiro, na cidade de Vilamoura. Por essa altura o pintor estará novamente de regresso à Austrália onde tem desenvolvido parte do seu trabalho criativo e académico.
