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Futuro da Beiralã decide-se este mês

Texwool Lanifícios recuou e é Rui Cardoso quem tem proposta de viabilização, que os credores apreciam dia 27

Os credores da Beiralã decidem, no próximo dia 27, se estão reunidas condições para que a empresa têxtil de Seia seja viabilizada ou se, pelo contrário, deve entrar em processo de liquidação. Em cima da mesa já não vai estar uma proposta da firma covilhanense Texwool Lanifícios, que entretanto recuou, mas de Rui Cardoso, sabe O INTERIOR.

Depois de no início de Junho a Assembleia de Credores ter deliberado não votar o plano de insolvência baseado na proposta daquela empresa, por não agradar à maioria – pedindo uma segunda versão, sob pena de o chumbar, a sessão deste mês no Tribunal de Seia deverá ser decisiva. No novo documento, a que O INTERIOR teve acesso, a administração de Rui Cardoso propõe a liquidação de créditos à Segurança Social e IAPMEI, que juntos detêm 40 por cento dos 12 milhões devidos, e ainda aos trabalhadores, sendo que é omissa em relação às indemnizações por antiguidade. O documento só fala em salários em atraso, férias, subsídios e respectivos proporcionais.

Os restantes credores nada recebem. A excepção está na empresa que requereu a insolvência da Beiralã, a francesa Chargeurs Wool, que, a ser aprovado o plano, receberá 25 por cento do que lhe é devido. «No plano não se inclui a liquidação de quaisquer débitos, à excepção dos créditos ao Estado, privilegiados ou com garantia real», lê-se naquele documento.

A proposta prevê o pagamento da totalidade da dívida à Segurança Social, com o empresário a entregar as instalações da antiga Ninafil, na Covilhã, avaliadas em 780 mil euros, e a liquidar o restante em 150 prestações mensais e sucessivas, com juros. Quanto ao IAPMEI, a administração de Rui Cardoso propõe liquidar 15 por cento da dívida, sem juros, em 120 prestações, começando a pagar dois anos depois do trânsito em julgado da sentença. «O que está no plano resulta daquilo que foi pedido» pela Segurança Social e IAPMEI, adianta fonte conhecedora do processo, ao garantir que «há acordo» entre as partes. Em destaque no plano está ainda a entrega da secção de fiação da Beiralã a outra empresa, mantendo-se as de tecelagem e tinturaria: «Requer-se que a administração da insolvente seja mantida, de maneira a fazer desde já a celebração de contrato de cessão de exploração da fiação[…] e permitir que uma entidade terceira inicie a sua actividade», lê-se ainda no documento.

Rui Cardoso quer, assim, «refrescar» a tesouraria da Beiralã, por via do pagamento de rendas. A proposta indica, de resto, que o futuro da unidade de Seia passa pela constituição de parcerias com outras firmas, em termos de política comercial e de produto, sendo focada a Texwool – que pertence aos filhos de Rui Cardoso. Quanto aos trabalhadores, o plano diz que começam a receber 12 meses após o trânsito em julgado, em prestações e durante três anos. Além disso, o empresário compromete-se a garantir 150 postos de trabalho no prazo de um ano, incluindo os «contratados pelas unidades que vão explorar a fiação e/ou, eventualmente, outra secção». Recorde-se que o administrador de insolvência despediu os últimos 90 funcionários da Beiralã no início de Agosto. Entretanto, depois do adiamento da apreciação do primeiro plano, o coordenador do Sindicato Têxtil da Beira Alta (STBA), Carlos João, disse, no que toca às indemnizações, que «se o plano for igual ou parecido [ao anterior], não o vamos aprovar».

Contactado por O INTERIOR, Rui Cardoso não quis prestar declarações, confirmando apenas que a proposta é da sua autoria.

O plano prevê a entrega da secção de fiação da Beiralã a terceiros

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