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Futebol e política

A prestação na Assembleia da República do ministro das finanças, Campos e Cunha, fez-me lembrar aqueles jogadores rotulados de craques que as equipas contratam para enfrentarem com confiança as novas temporadas. Normalmente depois de um ou dois jogos as massas associativas dão-se conta do logro em que caíram ao acreditarem e ao depositarem grandes expectativas no “astro”. A prestação do novo ministro parece ir nesse sentido. Depois de uma extemporânea entrevista onde deu a entender que uma das suas primeiras medidas seria a subida de impostos, criando com isso um embaraço ao primeiro-ministro, que se viu na obrigação de o desmentir, agora foi a fraca, diria até, fraquíssima, prestação na apresentação do programa do Governo. Campos e Cunha denotou pouca apetência para o debate e para a explicação das suas ideias no parlamento. Muitas foram as vezes em que teve de socorrer-se, nomeadamente durante as interpelações, dos conselhos que os seus pares do Governo lhe iam soprando aos ouvidos para tentar encontrar uma que outra resposta para as perguntas que a oposição lhe ia colocando. Estaremos nós na iminência de uma contratação falhada?

O novo Secretário da Juventude e Desporto é Laurentino Dias. Tendo liderado a Comissão de Acompanhamento do Euro 2004 no último ano, Laurentino é praticamente um político profissional. Além do cargo de deputado da Assembleia da República ocupou ainda o cargo de deputado do Parlamento do Conselho da Europa. Isto para além de presidente da Assembleia Municipal de Fafe, cargo que ocupa há mais de 20 anos. Com este largo e enriquecedor currículo espera-se que a sua acção seja pautada pela diplomacia e pelo trabalho na aprovação das leis que hão-de reger o sistema desportivo (a proposta de um Congresso para o desporto, constante do programa do governo, vai nesse sentido). Provavelmente a lei de bases do desporto será revista, pois Laurentino foi uma das vozes que mais se fizeram ouvir na crítica ao documento aprovado pelo anterior executivo. Entretanto, mais difícil é prever como será a sua relação com o mundo do futebol e mais em particular com o problema das dívidas dos clubes ao fisco. Será assunto para congelar? Para resolver com pinças? Neste caso tenho dúvidas de que os clubes irão lá com diplomacias. Esperemos para comentar.

Mourinho deu início aos seus comentários na SIC. Da curta passagem que me foi dado assistir, fala como se tivesse o rei na barriga. Ele é que é bom, os outros não valem nada. Gostava que lhe colocassem a questão do sub-rendimento que os seus ex-jogadores do FCP têm vindo a revelar ao longo da presente temporada. Maniche e Costinha, para além de Derlei e Carlos Alberto, que até foram dispensados, são o melhor exemplo da quebra de rendimento. Nem parecem os mesmos jogadores de há um ano atrás. Se até agora houve coisa que Mourinho não conseguiu fazer é formar jogadores para a autonomia e para o rendimento depois de deixarem de serem seus jogadores. Essa deveria ser a marca de um bom treinador. Ao mesmo tempo que se trabalha para o presente devem lançar-se as bases para o rendimento dos anos seguintes. Com Mourinho a carreira dos jogadores parece ficar encurtada, pelo menos no que conhecemos dos jogadores do Porto. Terá algo que ver com o treino que lhes é ministrado? Ficamos à espera das suas respostas.

Por: Fernando Badana

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