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Menos que Zero

O concelho do Fundão comemora esta semana 257 anos. Do vasto programa previsto, salientam-se as inaugurações e as visitas às obras que têm o Fundão transformado num autêntico estaleiro. Um pouco por todo o concelho, mas sobretudo na cidade, a câmara municipal tem vindo a realizar obras que procuram revitalizar uma localidade adormecida durante anos. A obra mais emblemática – a renovação do antigo espaço da FACIF – não será inaugurada nesta ocasião mas é, certamente, a jóia da coroa. Naquele espaço está em construção a nova Biblioteca Municipal, um silo-auto e o futuro mercado ao ar livre. Este conjunto de obras transformará aquela área central da cidade num dos espaços mais modernos e aprazíveis da região e para isso muito contribuirão também o Pavilhão Multiusos e o Palácio da Justiça, as duas únicas obras que recordam a longa e quase inoperante gestão socialista neste concelho.

Apesar do inegável dinamismo deste elenco camarário face aos seus antecessores, a maior diferença entre uns e outros está na forma como promovem as suas actividades. Se é verdade que os socialistas promoviam mal o pouco que faziam, os social-democratas promovem até à exaustão o que vão fazendo. As comemorações do dia do concelho são um bom exemplo disso mesmo: apesar do programa de festas se prolongar ao longo de toda a semana, as obras inauguradas serão apenas a requalificação de meia-dúzia de espaços, a construção de duas pequenas ETARS e a ampliação do cemitério. Não quero dizer com isto que sejam obras sem importância, pois não o são, mas ficam longe de ter a grandeza que lhe querem atribuir. De resto, este é apenas mais um episódio daquele que é, quanto a mim, o grande defeito desta câmara: uma lógica de actuação pública que navega algures entre a megalomania e o egocentrismo, personalizando demais as suas posições e procurando sempre os holofotes da informação. A saída da Região de Turismo da Serra da Estrela e a recusa em aderir à Comunidade Urbana das Beiras são dois exemplos de opções que, a médio prazo, acabarão por se revelar prejudiciais para o Fundão.

O aniversário do concelho é uma boa ocasião para recordar que os homens passam mas as instituições ficam e, por isso, talvez seja o momento para repensar a estratégia de marketing relacional do Fundão.

Por: João Canavilhas

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