Dentro de um mês, os automobilistas que quiserem estacionar em nove ruas do centro do Fundão vão ser obrigados a pagar nos parquímetros que estão prestes a ser instalados. A medida está a gerar descontentamento na generalidade dos fundanenses, entre residentes e comerciantes, para quem tal medida não se justifica numa cidade onde «não há problemas de estacionamento». Mas o presidente da Câmara afirma que ainda não encontrou «qualquer argumento válido» a quem critica uma opção que, garante, «vai trazer benefícios».
Hugo Batista, morador na freguesia de Enxames, está contra os parquímetros porque «não se justificam numa cidade tão pacata como o Fundão», dizendo não compreender «como é que numa cidade maior, como Castelo Branco, estão a tirá-los e aqui vão colocá-los». Joaquim Fernandes também acha «mal» esta medida, isto porque «é mesmo uma “caça” à carteira das pessoas», critica. Já os comerciantes contactados por “O Interior” não vêm com bons olhos a colocação de parquímetros nas ruas onde têm os seus estabelecimentos. É o caso de Fernando Jorge Silva, proprietário de uma loja de desporto na Rua dos 3 Lagares: «Sou contra, porque nesta zona não vai contribuir para nada e receio até que afaste alguns clientes. A rua é bastante larga e não há necessidade. Noutras mais estreitas ainda se compreende de alguma forma, mas o Fundão nunca teve falta de estacionamento», sublinha. O comerciante critica ainda o critério adoptado para as zonas a pagar, considerando-o «injusto». Para António Fernandes, proprietário de uma loja de loiças na Rua de Haapsalu, mesmo junto ao Tribunal, «a dimensão da cidade não justifica os parquímetros», dizendo que «está mais que visto que as pessoas vão estacionar onde há lugares grátis».
De igual modo, Jorge Páscoa, dono de uma loja de informática, é «totalmente contra os parquímetros porque vêm prejudicar-nos e afastar clientela», vaticina. Ainda para mais, «temos três carros e fala-se numa hora custar dois euros e isso é muito dinheiro», critica. Opinião diferente tem José Esteves Barata, residente no Fundão há vários anos, que concorda com os parquímetros por considerar que «quem quer lugar para estacionar deve pagá-lo». Aliás, recorda que antes havia «muitas críticas porque não tínhamos um parque subterrâneo e agora não vejo entrar para lá um único carro», indica. Na sua opinião, também «não se admite que em zonas de comércio um automóvel esteja parado um dia inteiro a “roubar” lugares aos clientes», afirmando ainda que «as pessoas são capazes de gastar 50 euros no café, mas para pagar 50 cêntimos no parque já reclamam». Confrontado com as críticas, Manuel Frexes considera que «não têm sentido», uma vez que a situação foi «bem estudada» e tomada com o intuito de «regular o trânsito no espaço público no “coração” do Fundão».
O autarca sublinha que, com a requalificação urbana levada a cabo, pretende-se que o centro da cidade tenha «menos carros a circular», sendo que estes «devem estar no silo-auto e não à superfície». Salientando que ainda não encontrou «qualquer argumento válido» aos críticos dos parquímetros, o edil realça que os residentes «não vão pagar» e que os comerciantes poderão chegar a acordo com a concessionária para ficarem com lugares em frente às suas lojas. De resto, Manuel Frexes acredita que os contestatários ainda vão alterar a sua posição no futuro: «Uma cidade moderna e capaz tem que tomar estas medidas. Eu sei que há sempre relutância, mas muita gente que hoje critica vai mudar de opinião quando constatar as melhorias e os benefícios», garante. Entretanto, «a cidade está a ser preparada», já que as placas indicativas dos parquímetros foram colocadas na semana passada. «Dentro de, aproximadamente, um mês os aparelhos deverão entrar em funcionamento», anuncia.
Ricardo Cordeiro