A valorização e protecção do património mineiro da Panasqueira vai passar a ser uma realidade a partir da próxima terça-feira, com a constituição da Fundação das Minas da Panasqueira. Vocacionada para promover cultural, turística e cientificamente aquele património, a entidade tem como objectivo a criação do Parque Temático Mineiro que, numa primeira fase, se centrará na Zona da Lavaria, no Cabeço do Pião (Silvares).
A Fundação das Minas da Panasqueira agrega vários organismos e vai trabalhar num projecto global de recuperação e valorização daquele património. Numa primeira fase será constituída pela Beralt Tin & Wolfram (concessionária das minas), Pinus Verde – Associação de Desenvolvimento Integrado da Floresta e pela Junta de Freguesia de Silvares. Posteriormente deverão juntar-se as Câmaras do Fundão, Covilhã e Pampilhosa da Serra – os três municípios abrangidos pela exploração –, para além de outras entidades. A Zona da Lavaria, que está a ser recuperada pela autarquia fundanense no âmbito do Projecto Rio, será um dos principais pontos a promover na primeira fase do futuro Parque Temático. Trata-se de uma unidade industrial que preserva muito do valor histórico e patrimonial da actividade extractiva. O edifício mantém o equipamento original de todos os circuitos dos diferentes minerais, que será reutilizado. É um espaço cultural e turístico por excelência, desde o cabo aéreo aos escombros, passando pelo processo de tratamento de conteúdo audiovisual e de simuladores, que ali serão colocados, até à interpretação do espaço de ciência viva.
Fundação integra rede europeia
A dinamização daquela área será feita de várias formas. A ciência viva estará mais vocacionada para o turismo juvenil e escolar, onde a Pousada da Juventude do Rio – inaugurada no início de 2005 – será uma mais-valia. A escritura que oficializará a sua abertura ao público deverá ser assinada durante o «próximo mês» pelo secretário de Estado da Juventude, passando a integrar a rede MoviJovem, adiantou a “O Interior” o vereador Paulo Fernandes. A vertente científica será relacionada com a reabilitação ambiental, visita às galerias e ao processo daquela maquinaria, conjugada numa segunda fase com visitas às minas. Uma terceira faceta estará ligada ao entretenimento e à cultura, onde, para além da animação diversa, os visitantes poderão alojar-se em turismo rural graças à recuperação das antigas casas do bairro chinês. Mas provar também a gastronomia do restaurante “Cantina do Mineiro”, cuja ideia é desenvolver uma carta temática com base não só a gastronomia tradicional da região, mas sobretudo na dos mineiros da Panasqueira e do mundo.
A Fundação, projecto «ambicionado há muito tempo», é encarada por Paulo Fernandes como o instrumento que faltava para «alavancar» o couto mineiro como pólo turístico, daí que a congregação de esforços de diversas entidades num projecto global vai ser «fundamental para o seu sucesso turístico». Uma Ideia partilhada por Fernando Vitorino, director geral da BTW. «Uma fundação não terá limites. Tudo depende da imaginação dos parceiros», salienta, adiantando que o Parque Temático será complementado com visitas às minas e ao futuro museu perspectivado para a Barroca Grande, onde ainda se explora o volfrâmio. A Fundação vai integrar a rede europeia de património mineiro, a Europamines. Já os projectos para a Zona da Lavaria, apoiados pelo PITER – Programa Integrado Turístico de Natureza Estruturante e Base Regional, superam os 13 milhões de euros. O Projecto Rio deverá estar totalmente concluído em 2010, mas até lá abrirão ao público as valências que ficarem prontas.
Liliana Correia
