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Fundação Côa Parque pode ser extinta

Ministro da Cultura estuda regresso do Museu e do Parque Arqueológico para a tutela da Direcção-Geral do Património Cultural

A Fundação Côa Parque pode vir a ser extinta, regressando o Museu e o Parque Arqueológico do Vale do Côa para a tutela direta do Ministério da Cultura, que estará a estudar um novo modelo de gestão deste património através da Direcção-Geral do Património Cultural.

O motivo desta mudança deve-se à difícil situação financeira em que se encontra aquela entidade, que tem uma dívida acumulada de mais de 300 mil euros, noticiou anteontem o jornal “Público”. Segundo o diário, o ministro da Cultura afirmou no Parlamento, na passada sexta-feira, que «gostava de não ter encontrado uma fundação» a gerir o Museu e o Parque Arqueológico, mas sim um «serviço público», e assumiu que se pode ver obrigado a «fazer alterações legislativas». Respondendo a uma questão da deputada da CDU Ana Mesquita, João Soares revelou que houve necessidade de improvisar para que a fundação «conseguisse pagar salários» este mês. Para Gustavo Duarte, presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa, membro fundador da Côa Parque, há duas possibilidades para solucionar o problema: «Ou a fundação continua com um regime de exceção, sem passar por cortes, ou é mesmo preciso alterar o modelo de gestão porque desta forma não pode continuar», garante o autarca.

Na sua opinião, o património rupestre do Vale do Côa requer «promoção, divulgação e atividades culturais, e para tal, é necessário haver uma verba compatível que suporte isto, bem como os salários dos funcionários». Também a Associação de Amigos do Parque e Museu do Coa (Acôa) exige soluções «a curtíssimo prazo» para a «progressiva dificuldade financeira e ausência de estratégia» na gestão daquelas estruturas. «O momento é crítico e urge uma ação a curtíssimo prazo, uma escolha, uma decisão», avisa a associação, em comunicado. A associação alerta a tutela e as diversas entidades com responsabilidade sobre o património classificado e o território que «um bem que é Património Mundial não pode continuar a ser olhado e gerido de forma precária, em regime de transitoriedade, sem meios, sem ambição, sem programa e com dificuldade em mostrar aos portugueses e ao mundo o valor científico e patrimonial ímpar» que o Vale do Côa constitui. Inscrito na Lista da Unesco como Património da Humanidade em 1998, o Vale do Côa é considerado pelos especialistas «o mais importante sítio com arte rupestre paleolítica de ar livre».

Desde outubro de 2014 que o diretor regional de Cultura do Norte, António da Ponte, preside à Côa Parque. Nomeado a título transitório pelo secretário de Estado da Cultura, Barreto Xavier, o sucessor de Fernando Real tinha dois meses para «apresentar um diagnóstico da situação» da instituição e propostas para «aperfeiçoar o seu modelo de gestão e o cumprimento da sua missão». Quase ano e meio depois desconhecem-se as conclusões desse trabalho. Os membros fundadores da Côa Parque são a Direção-Geral do Património Cultural, os ministérios da Economia e do Ambiente, Câmara de Vila Nova de Foz Côa e Associação de Municípios do Vale do Côa.

«A fundação não pode continuar com este modelo de gestão», afirma autarca fozcoense Gustavo Duarte

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