O fumo proveniente dos incêndios florestais é altamente perigoso para a saúde pública devido à mistura de gases e partículas, alerta o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro (UA).
«Estas últimas, de natureza ultrafina, têm grande capacidade de penetração nas vias respiratórias transportando até aos alvéolos compostos cancerígenos como os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos», conclui um estudo conduzido por Célia Alves, que esteve no meio das equipas de combate aos fogos. «Verificámos que 80 a 90 por cento da massa das partículas emitidas pelos incêndios é de natureza carbonosa, englobando centenas de compostos orgânicos distintos», refere a investigadora. Entre os compostos detetados encontram-se os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, «de elevado potencial cancerígenos», e vários compostos fenólicos que «têm sido associados a stress oxidativo das células», acrescenta Célia Alves.
Também os gases emitidos pelo fumo dos incêndios constituem um perigo para a saúde, entre os quais, e «em quantidades apreciáveis», o monóxido de carbono «conhecido pela sua elevada toxicidade». Já os óxidos de azotos e os compostos voláteis reagem entre eles na atmosfera e formam o ozono, «um oxidante muito forte que ataca as vias respiratórias e provoca danos nas culturas agrícolas», avisa Célia Alves. A cientista confirma ainda que, além dos prejuízos para a saúde, o fumo dos fogos contribui em muito para alterar o clima, já que, «por serem tão finas, [as partículas] atuam na atmosfera como núcleos de condensação de nuvens, alterando os padrões de precipitação».