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Freixinho prepara fim-de-semana «mais esperado» do ano

Aldeia do concelho de Pinhel espera muitos visitantes para mais um encontro motard

O barulho das motas e um movimento fora do comum para a habitual pacatez da aldeia estão prestes a tomar conta do Freixinho. À semelhança do que aconteceu nos dois anos anteriores, esta anexa da freguesia de Lamegal, no concelho de Pinhel, vai estar em festa no fim-de-semana por ocasião do III Encontro Motard, uma iniciativa que promete atrair visitantes de vários pontos do país e até de Espanha. O evento é organizado pelo Centro Social Cultural e Recreativo local e envolve a participação de quase toda a população da localidade, que, com o seu empenho e de forma voluntária, contribui para o êxito do encontro.

Dos cerca de 50 habitantes do Freixinho, entre novos e menos novos, muitos são aqueles que já anseiam pelo regresso de toda a agitação e convívio que proporciona a autêntica “invasão” dos motards. Sotero Marques Varandas, de 68 anos, reconhece que já está com «saudades» de um ponto de encontro que é motivo de «grande regozijo para a terra», frisa, enquanto ajuda nos preparativos. Já a jovem Alexandra Gama sente-se «orgulhosa» por ver a sua aldeia acolher um evento que recebe muitas pessoas, garantindo que nos últimos tempos, quer no trabalho, em Pinhel, ou na Guarda, onde estuda, «só tem falado» do encontro. Muitos são aqueles que se prontificam a ajudar para deixar tudo a postos para aquele que é considerado o fim-de-semana «mais esperado do ano», durante o qual decorre o «grande acontecimento da aldeia» que conferiu uma «dinâmica diferente ao Freixinho», destaca Vítor Amaro, presidente da colectividade organizadora. Apesar de não ser cobrada qualquer taxa de inscrição aos participantes, com o intuito de aumentar o número de visitantes, o Centro Social, Cultural e Recreativo do Freixinho conseguiu angariar algumas verbas que têm sido canalizadas para a melhoria das suas instalações e da própria aldeia. Tudo graças à venda de brindes publicitários e de “comes e bebes” nas duas primeiras edições, dinheiro que permitiu comprar mobiliário novo para a associação, uma aparelhagem de som, um fogão, um esquentador e uma mesa de ping-pong.

As receitas também contribuíram para «diversas obras» na aldeia, como a reparação dos chafarizes, limpezas e pinturas, «tudo para bem da comunidade», realça Vítor Amaro. Se no primeiro ano as pessoas «estranharam um pouco» a chegada dos “motards”, havendo até quem fosse dormir para casotas «que tinham aí no meio do campo», desta vez a grande maioria da população mostra-se a favor da realização do Encontro. E não há dúvidas que o evento ajudou a colocar o Freixinho “no mapa”, uma aldeia perdida entre vales e montes, daí que as expectativas da organização sejam superar este ano o “record” da edição anterior, de cerca de 400 motas e mil visitantes. No entanto, tudo depende da ajuda de S. Pedro. «Se o tempo nos ajudar, como tem feito nas edições anteriores, estamos a contar com mais gente», adianta. A comprovar o envolvimento dos residentes está o facto peculiar de, para além dos bares abertos em vários locais da aldeia, haver certos habitantes que abrem as suas adegas aos “motards” e a todos os visitantes, oferecendo bebidas e, por vezes, presunto ou queijo, o que a organização «agradece», garante Vítor Amaro. Outros espaços disponibilizados para lazer são os lagares de vara, o forno comunitário de duas bocas, o único do concelho, as casas ou palheiras antigas e o “tronco” da aldeia, estando ainda prevista a realização de espectáculos musicais e jogos tradicionais. De resto, este ano vai haver pela primeira vez um DJ a pôr musica numa garagem junto ao forno comunitário, onde é montado um bar típico bastante «apreciado» pelos “motards”, refere Vítor Amaro, havendo outros espalhados por vários pontos da localidade. No sábado, a organização serve a já tradicional feijoada em panela de ferro.

Ricardo Cordeiro

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