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Franceses voltam a “conquistar” Almeida

Recriação histórica do cerco da vila acontece este fim-de-semana no âmbito das comemorações da Batalha do Buçaco

Almeida vai ser palco de mais uma recriação histórica, no âmbito das tradicionais Comemorações da Batalha do Buçaco. O cerco da vila será protagonizada pela Associação Napoleónica Portuguesa e outras associações do género, tendo como pano de fundo a fortaleza e a praça-forte da vila. Durante todo o fim-de-semana será simulada uma revisitação histórica do dramático cerco da vila, que ocorreu antes da Batalha do Buçaco, durante a Terceira Invasão Francesa em 1810. A iniciativa organizada pela autarquia local, abre o caminho para as Celebrações do Bicentenário das Invasões Peninsulares em Portugal.

Amanhã, pelas 14 horas, começa a primeira sessão do seminário “Almeida na Guerra Peninsular – Perspectivas no Bicentenário”, no auditório da Câmara Municipal de Almeida. No intervalo dos trabalhos, será feita uma singela homenagem a José Vilhena de Carvalho, com lançamento da reedição do seu livro “O Castelo de Almeida”. O Seminário prolonga-se até sábado, e conta com vários oradores, dos quais se destaca, António Pedro Vicente, Manuel Amaral, Adriano Vasco Rodrigues, Francisco Ribeiro da Silva, entre outros. O programa diversificado assente em factos históricos tem como cenário toda a zona amuralhada adjacente à praça central da vila. Através desta encenação vão ser reconstituídos os terríveis momentos do cerco, bem como a trágica explosão do paiol, que levou à capitulação daquela temida praça-forte. A encenação começa amanhã à noite, com a simulação da ronda de sentinelas nas portas e os Bastiões da Fortaleza, surtidas francesas à vila e cortejo popular nocturno de apelo à resistência. Onde serão recriados os momentos de tensão de um cerco e da eminência do contacto com o inimigo, nas vésperas da tragédia. Toda a cidade será decorada a preceito, com bandeiras, bandeirolas e as luminárias exteriores a simular os acampamentos franceses. Actores e cavaleiros de várias nações dão corpo a um espectáculo onde não faltará performance e pirotecnia. Este regresso ao passado tem como ponto de partida o dia 1 de Agosto de 1810 e a proclamação de Massena, duque de Rivoli, aos portugueses, que antecedeu o cerco da praça-forte a 15 de Agosto, o dramático rebentamento do paiol registado no dia 26 e a capitulação a 28 de Agosto. As crónicas contam mais ou menos assim esta batalha, que vai ser recriada nos fossos e na Praça da República.

No sábado, as hostilidades terão início às 9h30, com o hastear das bandeiras dos países participantes frente à Câmara Municipal, seguindo-se a cerimónia de homenagem aos mortos do Cerco e a John Beresford. Das 10h30 ao 12h30, acontece a recriação do combate que, a 24 de Julho de 1810, opôs Anglo-Lusos e Franceses nas margens do Rio Côa e que foi sobretudo um exemplo de mestria do emprego de tropas ligeiras em ambos os adversários.

Às 18 horas, o acampamento-museu abre-se à população. Seguindo-se a simulação do aprisionamento, julgamento e fuzilamento do espião francês. Ao fim do dia, as tropas preparam-se para a batalha e cercarão Almeida, travando-se vários combates junto às Portas de S. Francisco. Ao cair da noite, dar-se-á um combate nocturno nas ruas da vila com a infantaria, fogo de artilharia e efeitos pirotécnicos. «Um dos momentos altos do evento», refere a organização, onde no enlace entre a escuridão e a luz difusa das tochas, o inimigo tenta forçar a entrada na Praça de Almeida.

Por fim, no domingo de manhã realiza-se uma cerimónia evocativa dos acontecimentos, que antecede a batalha e a reconstituição do cerco, que culminam com a explosão do paiol e a rendição da praça. Pelas 15 horas, serão entregues os prémios aos vencedores do concurso “Guerilheiro(a)s Populares – Traje e Empenho”. O evento termina com um serviço religioso nas Casamatas.

Patrícia Correia

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