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Fornos diz adeus ao futebol sénior

Dificuldades financeiras e a falta de apoio por parte da autarquia motivaram decisão da direcção do clube do Nacional da IIIª Divisão

Os rumores das últimas semanas confirmaram-se e a Associação Desportiva de Fornos de Algodres não se inscreveu mesmo na Federação Portuguesa de Futebol para disputar o Nacional da IIIª Divisão. O clube do distrito com mais presença nos nacionais na última década fica agora impossibilitado de ter equipa de futebol sénior durante os próximos dois anos e, findo esse prazo, terá que recomeçar na IIª Distrital.

Esta decisão não deixa de ser surpreendente, até porque existiam fortes possibilidades do clube vir a ser convidado para disputar a IIª Divisão Nacional – objectivo porque lutou até à última jornada -, em virtude de ser o melhor classificado da época passada que não assegurou a subida e da previsível desistência de alguns clubes daquele escalão. O presidente do Fornos explica que a não inscrição foi motivada por «questões financeiras», uma vez que «não há apoios e sem isso é impossível ter uma equipa na IIIª Divisão». Para além do «pouco apoio» de algumas empresas do concelho, João Santos explica que «a autarquia queria oferecer mil euros anuais por cada jogador do concelho e isso não dá para nada», lamenta. O dirigente sublinha que vinha mantendo contactos com a Câmara desde Fevereiro, mas «quando não há dinheiro, não há nada a fazer», afirma, resignado. Tanto mais que o orçamento para a próxima época foi «o mais baixo possível, mas a partir daí era impossível continuar», sublinha.

Na sua opinião, «nem no Distrital conseguimos trabalhar com orçamentos de 20 a 30 mil euros». Aliás, João Santos assegura que, «por mais que quiséssemos, não há nenhum concelho que consiga formar um plantel só com jovens da terra que pudesse competir na IIIª Divisão. Estaríamos a brincar ao futebol». Por outro lado, afirma que, mesmo que houvesse atletas do concelho disponíveis para jogar, aos 100 euros que o município daria havia ainda que subtrair «os custos de inscrição, refeições nos jogos fora, taxas dos jogos em casa, policiamento, transportes, custos de treinadores e massagista, roupeiros». Contas feitas, «nem vale a pena perder tempo a pensar, já para não falar de quantos jogadores do concelho estariam dispostos a isso», alega. João Santos assume que «é com muita pena e muita mágoa» que vê o Fornos «chegar a esta situação, mas não havia mesmo hipótese de nos inscrevermos».

Agora, «vamos concentrar-nos no futebol de formação» na próxima temporada, embora ainda não se saiba quais as camadas que vão competir. Quanto ao futuro, o dirigente assegura que, «no caso de alguém querer dar ideias, serão bem-vindas e as portas do clube estão abertas», sendo que um dos objectivos é «criar estruturas para que, no futuro, não sejamos financeiramente dependentes de ninguém». Apesar das várias tentativas, O INTERIOR não conseguiu obter em tempo útil uma reacção de José Miranda, presidente da Câmara de Fornos, sobre este assunto.

Ricardo Cordeiro Equipa fica impossibilitada de se inscrever durante dois anos

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