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Fornos de Algodres «não é coutada de quem vive no litoral»

Centena e meia de fornenses protestaram na segunda-feira contra o anunciado fecho do tribunal local

A chuva e o frio não calaram o protesto dos habitantes de Fornos de Algodres, que se manifestaram na passada segunda-feira contra o fecho do tribunal local. Concentrados frente ao edifício, centena e meia de pessoas entoaram palavras de ordem e exigiram à ministra da Justiça que volte atrás na decisão.

“Queremos o tribunal” ou “Fornos unido jamais será vencido” foram algumas das frases gritadas entre a “Grândola, Vila Morena” e o hino, enquanto uma faixa sublinhava a revolta com os dizeres “não servimos unicamente para pagar impostos”. O Ministério da Justiça decidiu encerrar 20 tribunais por todo o país, entre os quais o de Fornos de Algodres e da Mêda, que saiu à rua há 15 dias. No caso fornense, os cidadãos terão que se deslocar até Celorico da Beira ou Gouveia para tratar de assuntos judiciais a partir de setembro. Na segunda-feira, na tribuna improvisada à porta do tribunal, o autarca Manuel Fonseca não calou o descontentamento: «Vamos ter que dizer a quem está em Lisboa que Fornos de Algodres não é uma coutada de quem está nas grandes cidades do litoral. Isto é terra de quem quer trabalhar e viver aqui e também criar os seus filhos», sublinhou, avisando que os fornenses vão lutar «até ao fim» para que o tribunal não feche.

«Estas e outras medidas são contra tudo o que se pode fazer para desenvolver o interior», criticou o autarca, receando que, depois do tribunal, acabem também outros serviços, «como as finanças». Por isso, apelou a que «ninguém fique parado» perante o que está a acontecer. «Fornos precisa do tribunal, das Finanças, da Segurança Social e de outros serviços públicos», afirmou Manuel Fonseca, eleito pelo PS nas últimas autárquicas. Aos jornalistas, o edil acrescentou que «tirar este serviço é retirar um direito fundamental aos fornenses, que já pagam os custos da interioridade». Contudo, o autarca confessou ter «muita fé» no Presidente da República – «que tem uma palavra a dizer e não pode olhar para nós como cidadãos de segunda» – e no primeiro-ministro, considerando que ambos ainda podem «fazer recuar esta vontade do Governo».

O tribunal de Fornos de Algodres foi inaugurado em 1997, tal como duas casas dos magistrados que nunca foram ocupadas. «Foi um investimento que não serviu para nada e, neste caso, não teve retorno. Não sei o que o Ministério da Justiça pretende fazer com estes edifícios», disse Manuel Fonseca, segundo o qual o movimento judicial do tribunal é superior ao exigido para fechar. «Mas a senhora ministra tem outros números e critérios, que desconhecemos», ironizou. O novo mapa judicial está a ser contestado pelos autarcas afetados, que vão avançar com providências cautelares através da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP). Em Fornos, Manuel Fonseca pondera também interpor uma ação popular contra o fecho do tribunal. Neste protesto marcaram presença os autarcas da Mêda e Trancoso, assim como o presidente da Federação Distrital do PS e Paulo Campos, deputado socialista eleito pelo círculo da Guarda.

Luis Martins Populares não desmobilizaram apesar da chuva e do frio

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