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Fontes Sagradas

Nos Cantos do Património

Quantas vezes quando visitamos algumas aldeias não nos deparamos com referências a “fontes romanas”. Mas, qual a comprovação que realmente se trata de um monumento deste período?

De facto, é uma questão que tem levantado alguns problemas metodológicos, pois após 2 000 anos é difícil compreendermos, após remodelações, acrescentos e alterações, quais as características originais.

Conhecemos alguns exemplares de fontes de período romano, como a Fonte do Ídolo, em Braga, santuário rupestre dedicado a uma divindade. Neste caso para além de uma inscrição romana, surgiu ainda a representação de uma figura humana, de toga, possivelmente o dedicante que mandou construir este monumento. Outros casos são conhecidos no nosso território, como a divindade indígena TREBARUNE, que surgiu no Cabeço das Fráguas, Guarda e em Cascais, este nas proximidades de uma linha de água.

Rapidamente nos apercebemos que um dos elementos que nos permite datar um imóvel desta natureza é a existência de inscrições romanas.

Não nos podemos ainda esquecer do caso das águas termais, pois as suas características especificas também foram aproveitadas pelos romanos. São conhecidos diversos exemplares no nosso território, como as termas de S. Pedro do Sul.

Torna-se notório que no mundo romano a água possuía uma importância extrema, não só para as tarefas comuns do dia-a-dia, mas também na realização de determinados rituais, como o banho e a religião. Neste sentido, a existência de aquedutos, canais e fontes encontram-se comprovados por todo o Império Romano.

Todavia, persiste a dúvida: se não existirem inscrições, como podemos saber se corresponde ao período romano? Neste caso teremos de observar se existem vestígios deste período nas proximidades, sendo os mais comuns as tegulae, as telhas da cobertura. Teremos ainda de tentar perceber a tipologia dos vestígios, ou seja, compreender se correspondia a uma uilla ou a um casal, pois certamente na uilla, com maior sumptuosidade, deveriam existir diversas fontes, algumas das quais com elementos em cantaria.

Quantas fontes romanas, comuns ou santuários, poderão existir no nosso território? Será que algumas, que a tradição popular apelida de romanas, não poderão efectivamente remontar a este período, encontrando-se encobertas por elementos mais recentes? É possível.

Por: Vítor Pereira

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