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Ficar ou partir para bem longe

Opinião – 2011

2012 é o ano de ficar em casa ou partir para bem longe.

As empresas estão asfixiadas com impostos e burocracia. Os bancos não têm dinheiro. O Estado é um buraco negro.

Nada disto parece incomodar quem anda por aí a exigir crescimento económico. Como se fosse possível uma economia crescer quando não há dinheiro para investir. Esta gente não vive neste mundo.

Ficar em casa é a melhor maneira de poupar. Partir para bem longe afigura-se o melhor caminho para fugir ao empobrecimento a que Portugal está condenado nos próximos tempos. Não há escapatórias.

Vejo à minha volta muita gente disposta a dar o salto, como antes se dizia. Em abono da verdade, os portugueses nunca deixaram de emigrar. Nos últimos 30 anos, muitos foram para a Suíça, Inglaterra e, depois, Espanha e Alemanha. Com a Europa em estado comatoso, viram-se agora para destinos mais longínquos, sobretudo Angola (cerca de 100 mil) e Brasil (170 mil, só na última década).

O governo não precisa, por isso, de convidar os portugueses a saírem do país porque já toda a gente percebeu o óbvio e, neste caso, sublinhar o óbvio é sinónimo de insulto.

Sempre achei aquelas modas orientalistas (ou chinesas, ou seja lá donde for que isso vem) de considerar a crise como oportunidade uma grande treta. Oportunidade para quem? Lamento muito, mas crise significa, antes de mais, sacrifício e sofrimento.

Não convém, contudo, cair em pessimismos exagerados. Segundo cálculos de alguns economistas, o pior que nos pode acontecer é regredirmos 15 anos em termos de nível de vida. Isto, dizem eles, num cenário catastrófico – com saída do euro, fim do próprio euro, coisas, diga-se de passagem, bem verosímeis.

Mas, vamos lá ver, voltar a 1995 ou 1996 é assim uma tragédia tão grande? Vivíamos assim tão mal nessa altura?

Um bom ano, para os que ficam a aguentar, esperando melhores ventos, e para os que partem, deixando para trás uma vida na esperança de encontrar outra melhor.

Por: José Carlos Alexandre

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