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“Festivaleiros” descobriram Valhelhas

Primeiro Festival da Serra da Estrela conquistou mais de três mil pessoas

O rebuliço, o barulho e o movimento próprios de um festival de música invadiram no último fim-de-semana a aldeia de Valhelhas durante o primeiro Festival da Serra da Estrela que, segundo a organização, arrastou mais de três mil pessoas durante três dias. Entre público e bandas todos parecem ter ficado agradados com o evento realizado num local que oferece excelentes condições. Para o ano, o grupo de jovens que teve a iniciativa de promover o festival deverá apostar de novo num cartaz cem por cento nacional.

A muita animação foi uma constante, de sexta-feira a domingo, não faltando diversas actividades radicais, muitas tasquinhas, com o queijo da Serra e o presunto como “pratos principais”, um touro mecânico, carrinhos de choque e animação de rua com gigantones, malabarismos e cuspidores de fogo. O primeiro Festival da Serra da Estrela, que atraiu gente das mais variadas idades, conjugou na perfeição o som de algumas das melhores bandas portuguesas da actualidade com o belo cenário natural da praia fluvial da aldeia, com a Serra da Estrela em pano de fundo. A música tradicional não foi esquecida com vários grupos da região a animarem o pessoal dentro do recinto que foi instalado no campo de futebol da aldeia do concelho da Guarda, junto ao parque de campismo e à praia fluvial no rio Zêzere. O hip-hop dos guardenses Urban Spirit abriu o Festival na noite de sexta-feira, seguindo-se os Dealema e os conhecidos Mind Da Gap. Na noite de sábado, foi a vez dos portuenses Sloppy Joe darem um grande espectáculo com as suas sonoridades “world music”, antes dos inventivos Repórter Estrábico. Madrugada dentro, actuaram os reputados Cool Hipnoise.

Assistência com «boas médias»

O último dia de Festival abriu com o surpreendente projecto The Legendary Tiger Man, seguindo-se os Bunnyranch e os irreverentes Mão Morta. Na noite de sábado, enquanto a primeira banda não subia ao palco, muitos foram aqueles que foram aproveitando para irem bebendo um copo ou petiscando qualquer coisa. Outros quiseram experimentar novas sensações e optaram por aceder às “provocações” dos amigos para andar no touro mecânico, tentando aguentar até ao máximo em cima do impulsivo “animal”. Chegaram então os portuenses Sloppy Joe que conquistaram o público com uma actuação cheia de garra e a impressionante elasticidade vocal de Marta Ren. A assistência foi ao rubro com dois dos maiores êxitos da banda, “O Calor” e, principalmente, “Six Little Monsters” que fechou o concerto. «Foi excelente. Adorei a Marta Ren. Mais uma vez enfeitiçou-me», confessou um jovem vindo de Viseu. Por sua vez, a vocalista considerou a presença de cerca de 800 pessoas «uma boa média», tendo gostado «muito» do público, que se mostrou «interessado», do espaço e da organização. De resto, considera a aldeia de Valhelhas, bem como toda a zona da Serra da Estrela, «lindíssima», “ingredientes” que a levam a afirmar que o festival tem «potencialidades para vir a crescer no futuro», acredita.

Até porque foi a primeira vez que o evento foi realizado, pelo que para o ano mais gente poderá vir. «Se cada uma das pessoas que veio cá este ano passarem a palavra, como é normal,para o ano pode estar muito mais gente. Eu vou dizer aos meus amigos que o festival foi muito fixe, o sítio era altamente e ainda por cima tinha o rio. Se cada um de nós fizer isso, de certeza que para o ano vai estar o dobro e todos os festivais costumam funcionar assim», realça. Aliás, relembra o caso de um dos festivais mais concorridos do país para acreditar que Valhelhas, dentro de uns anos, poderá integrar a rota dos “festivaleiros”: «Há uns anos atrás ninguém conhecia Vilar de Mouros e hoje em dia é rara a pessoa que não foi lá numa edição ou que não teve um amigo que lhe falou», sublinha. De seguida, subiram ao palco os veteranos Repórter Estrábico que deram um grande espectáculo. Por último, actuaram os Cool Hipnoise. A iniciativa de organizar o primeiro Festival da Serra da Estrela partiu da Liga de Amigos de Valhelhas, no seio da qual um grupo de jovens tomou a seu cargo a concretização de um projecto com 18 anos.

Ricardo Cordeiro

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