Arquivo

Festival Y#01 arranca esta noite na Covilhã

“O Juíz da Beira – aula prática” abre evento que vai prolongar-se até finais de Outubro na “cidade neve” e em Castelo Branco

Pêro Marques é um homem simples e rústico que é feito juiz à pressa em terras da Beira. É esta a história, escrita por Gil Vicente, que sete actores da companhia profissional de teatro”A Escola da Noite” se encarregam de contar esta noite no palco do Teatro-Cine da Covilhã no arranque do Festival Y#01, organizado pela recém-criada associação cultural “Quarta Parede”.

Em “O Juiz da Beira – aula prática”, a companhia de Coimbra vai apresentar, num espectáculo de 70 minutos bastante movimentado e concebido numa linguagem moderna, os juízos polémicos de Pêro Marques. Tudo começa quando a personagem Ana Dias acusa o filho de Pêro Amado de ter violado a sua filha Beatriz. Contudo, é esta que acaba por ser acusada ao longo de toda a farsa por diversas personagens. Primeiro, é Alonso López que a acusa de ser alcoviteira e de ter tentado desviar-lhe uma filha, depois, é um escudeiro que se queixa por esta ter tentado desviar-lhe a carteira. As peripécias de Pêro Marques, personagem que casa com Inês Pereira na “Farsa de Inês Pereira”, finalizam apenas com o julgamento de quatro irmãos que disputam a herança deixada pelo pai – um asno. Apesar de ser um espectáculo cómico, este pretende acima de tudo clarificar Gil Vicente e mostrar a essência do seu teatro: um teatro de sátira e de ideias. Em todas as peças, autos e farsas, as personagens de Gil Vicente retratam personagens tipo da época, como o corrupto, o pobre, o ingénuo ou a alcoviteira. O “Juiz da Beira” não é excepção, tendo em conta que nesta farsa Gil Vicente pretendeu mostrar a corrupção da justiça.

Com encenação de António Augusto Barros, director da companhia, “O Juiz da Beira” encerra o Projecto “Vicente n’A Escola”, lançado no ano passado pela “Escola da Noite” no âmbito de Coimbra – Capital Nacional da Cultura 2003 para um público-alvo muito específico, a comunidade escolar, e no qual se inserem ainda os espectáculos baseados na obra vicentina “Auto da Visitação e outras cousas que por cá se fizeram”, “Almocreves e outras cousas que em Coimbra se fizeram em 1527” e “Ensaios Vicentinos”. Esta peça, adaptada para os dias que correm, dará o mote para a conferência “A Eficácia de Gil Vicente no século XXI”, orientada por José Alberto Ferreira na Biblioteca Municipal da Covilhã no próximo dia 24 e vocacionada sobretudo para as escolas. António Jorge, Carlos Marques, Margarida Dias, Marta Gorgulho, Ricardo Correia, Sílvia Brito e Sofia Lobo constituem o elenco de “O Juiz da Beira”.

Sobre o autor

Leave a Reply