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Festival Internacional de Jogos reuniu 120 pessoas na Guarda

Cerca de 50 delegações de quatro continentes participaram na iniciativa organizada pela Associação de Jogos Tradicionais

Duas equipas de três elementos cada a tentarem encher um cântaro de barro com a pouca água que restava num tamanco que faziam saltar após o encherem numa selha de madeira. Resumidamente, é este o funcionamento do jogo do tamanco, um dos muitos que se puderam praticar no último sábado no Parque Urbano do Rio Diz, na Guarda.

Durante três dias, o Festival Internacional de Jogos, promovido pela Associação de Jogos Tradicionais da Guarda (AJTG), reuniu na cidade mais alta 120 pessoas, provenientes de 46 delegações, oriundas de nove países: Portugal, Espanha, França, Itália, Bélgica, Argélia, Coreia do Sul, México e Brasil. Perante tamanha adesão, o presidente da AJTG considera que «é a prova evidente de que os jogos tradicionais podem constituir o bilhete de identidade do cidadão europeu, entendido dentro de toda a sua diversidade, aquém e além Pirinéus». Norberto Gonçalves lembra que a associação está a comemorar 30 anos de actividade e vem efectuando um «trabalho que não é isolado», uma vez que «são muitas “ilhas” a constituir o mesmo “arquipélago”, como aqui está bem patente», aludindo à representação de quatro continentes e à ausência da Oceânia. Deste modo, considera que «na Europa, África, América e Ásia se está a trabalhar nos jogos tradicionais como um factor de desenvolvimento e de afirmação de comunidades cada vez com menos especificidades».

Uma realidade a que os poderes em Portugal devem dar atenção, já que, no seu entender, «é urgente dinamizar este tipo de actividades, sejam jogos, dança ou música», isto é, «aquilo que nos pode identificar e diferenciar, sendo esta diferenciação positiva na sociedade da inclusão». De resto, sublinha que os jogos tradicionais servem para «incluir, para nos afirmar e devem também servir para, no futuro, nos podermos lembrar de quem somos». Daí que seja necessário passar a mensagem às gerações mais novas, mas para isso «é preciso que haja apoio por parte do poder e, sobretudo, vontade política», reforça. O Grupo de Jogos Tradicionais Alfageme, de Santarém, foi um dos que esteve representado no festival e uma das novidades que trouxe até à Guarda foi o jogo do tamanco, que proporcionou momentos de boa disposição a quem teve oportunidade de o praticar.

Salvador Costa explica que se trata de um jogo «atractivo», que foi recolhido pelo grupo «nas aldeias do Ribatejo, onde nos apercebemos que era bastante cativante agora na altura do Verão» e que as pessoas podiam praticar «aproveitando materiais que encontravam ao virar da esquina». Exemplo disso são as selhas «que se usam para ir dar de comer aos porcos» e do tamanco, «a peça que as pessoas calçavam para ir para dentro da porqueira alimentar os animais». Do lado de lá da fronteira chegou o asturiano Joaquin Naredo Maior, protagonista do “jogo mais arriscado da tarde”, já que subiu um tronco com vários metros de altura apenas assente nalgumas tábuas que foi colocando. O espanhol, que é o recordista do mundo «a 15 metros de altura», reconheceu que desta vez «foi muito complicado», pois o tronco «era demasiado delgado», sublinhando que «nas Astúrias o jogo do corte da madeira é muito comum». O festival englobou ainda a Assembleia-Geral da Associação Europeia de Jogos e Desportos Tradicionais, bem como uma conferência internacional.

Ricardo Cordeiro O jogo do tamanco proporcionou momentos de boa disposição no Parque Urbano

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