Brancos ou castanhos, pequenos e mansinhos, assim são os “reis” de Celorico por estes dias. Até domingo, o Festival do Borrego promove um dos maiores trunfos gastronómicos do concelho, que aproveitou para chamar à região centenas de turistas de todo o país. Após as actividades na Carrapichana, este fim-de-semana tem um cariz social com o “Encontro de Gerações” e um espectáculo de solidariedade a favor do ourives António Nunes, que ficou cego na sequência de um assalto.
No último domingo, o festival reuniu na Carrapichana centenas de pessoas. Da ementa constou a tradicional sopa de grão à moda da feira local – oferecida a todos, muita música e animação de rua. Para o próximo estão previstas mais actividades na sede do município, sendo o ponto alto um almoço gratuito de canja de borrego e de borrego guisado à moda celoricence. Durante esta semana, os diversos restaurantes do concelho integram um roteiro gastronómico e apresentam várias sugestões com o mesmo denominador. Confrontado com o facto de haver vários sectores da gastronomia a transformar a cozinha tradicional, José Monteiro, presidente da Câmara de Celorico, aceita inovações, mas não esconde as suas preferências: «Estamos a lutar pelos produtos endógenos com qualidade. Se não seguimos a ideia tradicional e usarmos rações ou derivados na produção, o borrego pode não ter a qualidade de quando é criado com o pasto da Serra da Estrela», refere.
A regra serve também na confecção: «As pessoas gostam de vir aqui e escolher esta mesma forma de cozinha tradicional», garante. Com estes oito dias, o autarca almeja «fazer uma promoção e divulgação de produtos regionais de qualidade e depois ajudar a colocá-los no mercado». O edil lembra que a pastorícia é uma actividade de grande relevância no concelho, pelo que é necessário «uma alavanca para os agentes económicos continuarem a sua actividade». Produtores, políticos, empresários e outros envolvidos no negócio do borrego assumem, a partir de agora, outra responsabilidade com a Confraria do Borrego. Mais um factor que projecta este produto e que poderá manter a tendência de subida do preço desta carne.
Actividade serve de atractivo para turistas
Cerca de 150 das centenas de pessoas que, no último do mingo, estiveram na Carrapichana integraram uma das maiores novidades desta edição do Festival do Borrego. No “Off Road” participaram pessoas oriundas de vários pontos do país, que aproveitaram um pacote turístico com alojamento em espaço rural, um passeio todo-o-terreno por alguns trilhos da região e várias refeições típicas. O vereador do Turismo referiu que a “Escapadinha” é um novo produto que promete «dinamizar a restauração e o turismo local». António Silva revelou também que a primeira pergunta que fez aos visitantes foi sobre a forma como foram recebidos e os elogios foram mais que muitos. «O balanço é muito positivo, pelo que no próximo ano há-de repetir-se e haverá mais inovações», anuncia.
Além do fundamento gastronómico e turístico, o evento inclui este fim-de-semana duas iniciativas de cariz social. A partir de amanhã, o mercado municipal recebe o segundo “Encontro de Gerações”, em que os idosos que beneficiam das várias estruturas de apoio do concelho vão mostrar aos filhos e netos as várias actividades que ali prepararam, como karaoke, ginástica, teatros, marchas populares, trabalhos em linhos, madeira, vime e alguns produtos alimentares. As receitas desta actividade reverterão para as instituições. José Luís Cabral, vice-presidente do município, destaca também um espectáculo com Quim Barreiros, pelas 16 horas de domingo: «O nosso amigo ourives Nunes foi assaltado e baleado, tendo perdido a visão. Todas as receitas de bilheteira reverterão para ele, para ficar a ver parcialmente ou na totalidade. Convido as pessoas a virem cá, sobretudo neste espectáculo», afirmou.
Igor de Sousa Costa