O Maria Viana Quinteto abre amanhã à noite a primeira edição do “Seia Jazz & Blues”, um festival internacional que junta dois géneros musicais muito próximos e quer marcar a agenda cultural da região. O evento é da responsabilidade da autarquia, sob direcção artística do músico portuense António Ferro, e vai decorrer até 5 de Março na Casa Municipal da Cultura. Enrico Rava Quintet, Miki Nervio & The Bluesmakers e Johnny Blues são os destaques de um festival que vai também desenrolar-se nalguns bares da cidade, através da projecção de um DVD e de um CD com as músicas dos grupos participantes.
Segundo a organização, o festival, orçado em cerca de 20 mil euros, terá uma forte componente de ligação à comunidade, estando prevista a realização de “workshop’s” e uma feira do disco e do livro sobre jazz. Os músicos das inúmeras filarmónicas existentes no concelho serrano são o público-alvo desta iniciativa, tendo o município anunciado a criação de uma bolsa de estudo para os elementos das bandas que pretendam seguir estudos superiores na área da música. Para António Ferro, os grupos convidados são «dos melhores da península ibérica» e constituem um «bom ponto de partida» para que o festival venha a ter «alguma dimensão» e seja no futuro um «marco importante» no panorama musical português. Nesse sentido, o músico considera que o “Seia Jazz & Blues” vem colmatar uma lacuna na região, dado que este género musical é «quase inexistente» na programação cultural, com excepção da Guarda e Viseu. Cabe ao quinteto de Maria Viana dar o pontapé de saída do festival. A formação nasceu em 1992 e tem itinerado desde então pelo país e estrangeiro, graças ao álbum “Entre Amigos/Just Friends”, que só teve edição nacional no ano seguinte.
No sábado é a vez do Enrico Rava Quintet. O trompetista é o homem do jazz italiano mais reconhecido internacionalmente. Em quarenta anos de carreira, também como compositor, produziu mais de noventa gravações, vinte e cinco das quais como líder. Grande admirador de Miles Davis e Chet Baker, foi várias vezes eleito o melhor músico italiano, tendo também sido consagrado nas categorias de melhor grupo e melhor álbum. A 4 de Março sobe ao palco Miki Nervio & The Bluesmakers, uma das bandas lendárias do panorama musical galego que mistura na perfeição o blues acústico e eléctrico. Dono de um amplo repertório, os seus espectáculos são uma visitação ao ambiente “New Orleans”, onde não faltam a tábua de lavar, o kazoo, o contrabaixo e as guitarras. O festival termina na noite seguinte com o concerto dos Johnny Blues. Formado em 1995 para divulgar o património do blues nas suas vertentes e influências, o grupo recorda velhos clássicos e toca algumas novidades do género. O primeiro dia do festival é assinalado com a animação de rua da banda Dixie Gringos.
Luis Martins