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Festival das Sopas pode integrar roteiro gastronómico nacional

28 sopas e 23 fabricantes bateram o recorde deste concurso que continuará a realizar-se no recinto da Adega de S. Paio

A “Sopa de Castanhas” de Maria Rosário Pires, de Linhares da Beira, foi a grande vencedora do IV Festival de Sopas da Serra da Estrela, que decorreu domingo no recinto da Adega Cooperativa de S. Paio, Gouveia. Organizado pela Adruse – Associação de Desenvolvimento Rural da Serra da Estrela, o certame contou com um número recorde tanto de sopas (28) como de participantes (23) a concurso.

Apesar do mau tempo, muitos foram os apreciadores de sopa que acorreram aquele local para degustar e apreciar os sabores e saberes da região. Em pouco tempo, os 28 panelões, com 15 a 20 litros de sopa cada, esgotaram-se deixando os mais atrasados apenas com água na boca. Manuel Amaral, que veio de Vila Cortês da Serra participar pela primeira vez nesta «festa bonita», ainda conseguiu deliciar-se com duas sopas. «Está tudo muito bom», confessou a “O Interior”, enaltecendo sobretudo a «convivência que aqui existe». Também Maria Jacinta veio propositadamente de Viseu, com 18 idosos da Fundação Maria Seixas, para o convívio. «Soubemos da iniciativa e achámos bem trazer os idosos», afirma, satisfeita com os sabores mas não tanto com «algumas coisas que devem melhorar», como os sanitários e a falta de cadeiras e mesas para os mais velhos. Questões que em 2004 serão respeitadas, estando já a Adruse a pensar outro tipo de tenda «para que as pessoas circulem e comam à vontade». É que, apesar dos rumores da deslocalização do festival para um local mais central, Álvaro Amaro, presidente da Adruse e da Câmara Municipal, garante o contrário, afirmando que «por mim, jamais sairá deste espaço». O autarca entende que esta zona «bem rural», ligada a outra riqueza da terra que é o vinho, é o «local ideal». «Deslocalizar a feira não tem o menor sentido», garante, prometendo antes uma qualidade superior com vista à colocação do concurso no mapa nacional dos roteiros gastronómicos.

Divulgar e promover a gastronomia da Serra da Estrela e valorizar receitas de sopas tradicionais da região são objectivos deste certame, que decorreu pela primeira vez em 2000, integrado na Feira e Cultura, realizada anualmente na freguesia de S. Paio. Com um aumento anual do número de concorrentes, esta quarta edição conseguiu um verdadeiro recorde, mas Álvaro Amaro quer mais. Sendo uma iniciativa que «pega de estaca», com a sopa a ocupar um lugar privilegiado na riqueza gastronómica da região, o responsável quer cativar mais participantes de outros concelhos e distritos da orla da Serra para fazer deste festival um evento nacional. Promete, por isso, melhorar as condições de fabrico da sopa, que este ano já foram confeccionadas em “stands” individuais equipados com fogão, lava-loiça e banca de cozinha, e o espaço do público que, apesar da chuva intensa e da tenda ser mais do que o dobro do ano passado, gerou alguma confusão.

Alheio à agitação, e mais concentrado nos sabores, esteve o chefe Silva, reconhecido nome da cozinha portuguesa, que presidiu ao júri desta edição. “Amante” assumido da sopa, o gastrónomo elogiou a iniciativa e desejou que mais se façam por forma a colocar a base da alimentação portuguesa no «lugar que merece». «Provei óptimas sopas», confessou, destacando as que se basearam em artigos regionais como a castanha, a carne de porco e o feijão e motivando os seus fabricantes para fazerem «ainda melhor, se tal é possível». O concurso teve três escalões: “Sopas de Castanhas – Sopas de S. Martinho”, “Outro Tipo de Sopas” e “Profissionais de Restauração”. No primeiro escalão, o primeiro prémio foi também para a grande vencedora, no segundo foi para o “Aveludado de Perdiz com Trombetas da Morte”, da Associação de Promoção Social e Recreativa de Juncais, e no terceiro foi para a “Sopa de Queijo da Serra”, do restaurante “O Italiano”, Gouveia.

Rita Lopes

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