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Festival consagra vinhos do Douro Superior

A «qualidade fenomenal» dos vinhos e a participação dos grandes enólogos desta subregião vitivinícola é um dos grandes atrativos do certame de Vila Nova de Foz Côa, que este ano recebeu mais visitantes.

A última edição do Festival de Vinhos do Douro Superior, que decorreu no passado fim de semana em Vila Nova de Foz Côa, ultrapassou todas as expetativas da organização e já é «um acontecimento com destaque» no setor. «Foi de longe a melhor edição. Tivemos mais visitantes, mais participações nas provas e visitas a quintas, mas também a qualidade dos vinhos a concurso melhorou significativamente», adianta Gustavo Duarte.

O presidente do município acredita mesmo que foi batido o recorde de visitantes, um dado que estava ainda a ser apurado na última terça-feira. «As entradas no pavilhão da ExpoCôa aumentaram significativamente – este ano tivemos muito mais espanhóis, por exemplo – e é quase certo que ultrapassamos a média de cinco mil visitantes das edições anteriores», adianta o autarca, destacando o concerto esgotado de Mariza e o jantar vínico confecionado pelo conceituado chef Marcos Gomes no Museu do Côa. Para Gustavo Duarte, o êxito deste festival assenta na «qualidade fenomenal» dos vinhos do Douro Superior pelo que, no futuro, a intenção é tornar o certame «cada vez mais internacional e ao nível dos grandes eventos» do vinho em Portugal. «A fina flor da produção vinícola do Douro Superior, os grandes enólogos, estão cá, o que demonstra a credibilidade e importância que atribuem a este festival que é um dos grandes momentos de afirmação desta região», sublinha o edil.

O evento serviu ainda para os pequenos produtores fazerem negócio: «Falei com alguns e o que me disseram é que venderam bem e aproveitaram para dar mais visibilidade aos seus vinhos, tendo havido bastantes contactos comerciais», refere o presidente do município fozcoense, que considera que o festival já não deverá crescer muito na área dos vinhos. «A acontecer, será sempre numa proporção pequena porque, atualmente, quase todos os produtores e adegas do Douro Superior já participam. A haver algum crescimento ele far-se-á na área dos sabores e dos azeites», acredita Gustavo Duarte. Nesta edição participaram 73 expositores oriundos de Carrazeda de Ansiães, Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Mêda, São João da Pesqueira, Torre de Moncorvo, Vila Flor e Vila Nova de Foz Côa, com mais de 220 referências e três mil garrafas de vinho.

Já no Concurso de Vinhos do Douro Superior participaram cerca de 150 vinhos, postos à prova por 27 profissionais, jornalistas e críticos. Os grandes vencedores foram o Muxagat Os Xistos Altos Rabigato branco 2011, o Quinta da Touriga Chã tinto 2011 e Quinta do Vesúvio Porto Vintage 2012. Este ano, o tinto da Quinta da Touriga Chã conseguiu destronar o Quinta do Vale Meão, que tinha ganho nas edições anteriores. O vinho vencedor é produzido por Jorge Rosas, mas a enologia está a cargo de Fernando Lázaro e João Brito e Cunha. Nos brancos, a casta Rabigato deu origem ao campeão, a uma das três medalhas de ouro e a ainda a duas medalhas de bronze. O vinho vencedor foi criado por Mateus Nicolau de Almeida, produtor e enólogo da empresa Muxagat. Finalmente, na categoria vinho do Porto foi com alguma surpresa que um Vintage de 2012 conseguiu superar um fantástico “tawny” colheita de 1989 e vários “tawnys” com dez, 20 e trinta anos. No total, a organização atribuiu 12 medalhas de ouro, 17 de prata e 26 de bronze. O Festival de Vinhos do Douro Superior foi organizado pela Fundação Côa Parque, em parceria com a Câmara de Vila Nova de Foz Côa e a produção da Revista de Vinhos.

Ministro promete Espaços do Cidadão para Almendra, Cedovim e Freixo de Numão

«Estes festival surge como algo de muito necessário, como o ar que se respira, porque o setor do vinho é muito importante para esta região», afirmou Gustavo Duarte na abertura do Festival de Vinhos do Douro Superior, na sexta-feira.

O autarca lembrou que o concelho é o quarto concelho mais exportador do distrito da Guarda, com 4,5 milhões de euros, um valor que em muito fica a dever-se ao vinho, ao azeite, mas também ao xisto. «Também nós estamos a contribuir para os objetivos pretendidos pelo Governo», constatou, desafiando o ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional a dar «mais atenção para estas terras que não dão só vinho». Nesse sentido, o presidente do município pediu a Miguel Poiares Maduro a instalação dos novíssimos Espaços do Cidadão nas três vilas do concelhos, Almendra, Cedovim e Freixo de Numão. Gustavo Duarte reclamou ainda a instalação em Vila Nova de Foz Côa de uma delegação do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) para a qual a autarquia está disposta a ceder o imóvel conhecido localmente por “palacete verde”. «É uma reivindicação dos nossos vitivinicultores e que se justifica com o crescimento exponencial do setor no concelho», afirmou o autarca.

Na resposta, Miguel Poiares Maduro comprometeu-se com o pedido de Gustavo Duarte e acrescentou que o objetivo desta reforma da administração pública é «disponibilizar serviços com mais qualidade e proximidade». Na sua intervenção, o governante recordou ainda que o país enfrenta dois desafios, ser mais competitivo e ter mais coesão social e territorial. «Melhorámos muito com os fundos comunitários, mas não conseguimos melhorar a nossa economia, pelo que o próximo quadro comunitário está direcionado para a valorização dos nossos produtos endógenos e a competitividade das nossas empresas», afirmou. Por sua vez, Manuel Novaes Cabral, presidente do IVDP, admitiu analisar o pedido do autarca de Foz Côa, não sem antes lembrar que o Instituto tem sede na Régua, «no “coração” da Região Demarcada do Douro», e está a apostar na «desmaterialização» dos serviços, sendo que «os pedidos de cartões de benefício [relativos às quotas de produção de vinho do Porto] vão passar a ser eletrónicos».

Luis Martins Ministro Poiares Maduro, que inaugurou o certame, defende a valorização dos produtos endógenos

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