No passado sábado realizou-se o mercado mensal de Vilar Formoso. Todos os primeiros sábados do mês (à exceção de agosto, quando decorre no dia 10 por ser a Feira de Ano), uma das mais concorridas feiras da região continua a atrair milhares de pessoas. Os espanhóis são os principais clientes, contribuindo para dinamizar o comércio local, restauração e hotelaria da vila fronteiriça.
O certame desenvolve-se ao longo de mais de dois quilómetros na Avenida dos Combatentes da Guerra Colonial, onde se podem encontrar variados produtos, da roupa aos pássaros, passando pelos produtos agrícolas, bacalhau, animais, plantas, árvores, fruta, alfaias, antiguidades, móveis e muito mais. O presidente da Junta de Freguesia de Vilar Formoso considera que o mercado é, «sem dúvida uma fonte de desenvolvimento para a vila e é economicamente muito importante, embora não esteja a realizar-se no local desejado». Manuel Gomes considera que os feirantes deviam ter condições melhoradas e a solução estará num recinto adequado para esta atividade. Apesar de haver uma quebra de vendas devido à crise, há feirantes que viajam centenas de quilómetros para fazer esta feira. É o caso de Zé, feirante têxtil que veio do Peso da Régua, porque, «apesar de tudo compensa vir a Vilar Formoso». O comerciante garante que são os espanhóis que compram mais e refere que os acessos da feira podiam ser melhorados: «Quando acaba queremos ir embora e ficamos retidos no meio do mercado», lamenta.
Por sua vez, Luis Morgado, que personaliza artigos de vestuários, faz quase 500 quilómetros para estar numa feira que tem dois tipos de clientes: o espanhol, «com mais poder de compra», e o português. O feirante de Vila Nova da Barquinha afirma que os espanhóis compram mais no Inverno e os portugueses no Verão, devido aos emigrantes. Na sua opinião, «faltam casas de banho móveis e sacos do lixo ao longo da feira». Já Augusto Assunção, natural da Castanheira (Guarda), vende enchidos e queijos, e adianta que, no seu ramo, «portugueses e espanhóis compram precisamente o mesmo». Edmundo Fernandes, comerciante têxtil da Guarda, faz feiras desde muito novo e considera que a de Vilar Formoso já foi uma das melhores do país. «Com a crise os espanhóis perderam muito poder de compra e os portugueses ainda mais», explica o comerciante, que se diz satisfeito com o mercado por estar «bem localizado».
«Gosto de comprar roupa e produtos regionais, como queijo e enchidos», declara Ana Ribeiro. Esta cliente assídua da feira mensal da vila raiana considera, no entanto, que «os acessos e o estacionamento» serão aspetos a melhorar para continuar a atrair gente. João Augusto, elemento da Comissão de Festas de Vilar Formoso e dono de um negócio de refeições na feira, alega que «a zona da restauração precisa de ser melhorada, pois neste momento localiza-se num piso de terra», o que faz com que a higiene não seja adequada.
Comerciantes locais queixam-se da quebra de vendas
Os comerciantes locais, nomeadamente os localizados na Rua do Comércio, a mais movimentada de Vilar Formoso, queixam-se de uma quebra das vendas nos últimos cinco anos. Uma situação que se acentuou mais desde janeiro deste ano. «Há cada vez menos gente e muitas delas não compram», refere a proprietária da loja O Artesão. Goreti Almeida, dona de “O Miminho”, partilha da mesma opinião porque «os espanhóis perderam poder de compra». Mário Ferreira, proprietário do café Taba, localizado junto à feira, também se queixa de uma menor afluência por parte dos espanhóis: «Estes últimos anos noto menos pessoas na feira e, consequentemente, o meu negócio também se ressente com isso. Mas mesmo assim ainda há gente a consumir, notando-se a diferença relativamente a um sábado normal», justifica. Por sue turno, Francisco de Andrade, gerente do Intermarché local, sublinha que «a feira potencia Vilar Formoso, sendo que as melhores do ano são a de maio e de outubro». O empresário destaca ainda que devia haver um espaço com pontos de venda para melhorar as condições da feira.
