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Façam Meninos

O director deste jornal, que escreve nesta mesma página (sim, o do lado esquerdo), vai casar-se no sábado. Não tenho conselhos a dar-lhe, até porque os advogados são, por dever de ofício, mudos sobre a matéria, mas posso recapitular, não necessariamente em seu benefício, alguma da sabedoria que a nossa civilização foi coligindo:

“As esposas são as amantes dos jovens, as companheiras dos homens de meia-idade e as enfermeiras dos velhos” – Francis Bacon, Of Marriage and Single Life. Sem comentários, mas fica o aviso subliminar à Patrícia.

“Nenhum homem devia casar-se antes de ter estudado anatomia e ter dissecado pelo menos uma mulher” – Honoré de Balzac, la psychologie du marriage. E nem sonhava Balzac que havia uma coisa chamada “ponto G” (de Grafenberg).

“Enquanto existirem diferenças entre um e outro momentos de prazer, um homem pode continuar feliz com a mesma mulher” – Honoré de Balzac, La Phisiologie du Marriage. Uma maneira brutal de identificar a causa de muitos divórcios.

“Casamento: the state or condition of a community consisting of a master, a mistress and two slaves, making in all, two. (Desculpem-me, mas não consigo, com o tempo disponível, traduzir satisfatoriamente “master” e “mistress” sem destruir o sentido da frase). Ambrose Bierce, The Devil´s Dictionary (que vai ser finalmente traduzido para português – e tenho curiosidade em ver o resultado).

“Se eu fosse sua mulher, envenenava-lhe o café!” – Lady Astor; “E eu, se fosse seu marido, bebia-o!” – Winston Churchill. Há quem diga que este diálogo nunca ocorreu, mas, como dizem os italianos, si non é vero, é bene trovato.

“Sempre pensei que todas as mulheres, mas nenhum homem, deviam casar” – Benjamin Disraeli, Lothair. Talvez por isso haja em Portugal duas mulheres que vão exigir esta semana ao Estado Português o direito de se casarem. Uma com a outra. Que o consigam. Que sejam felizes para sempre e que tenham muitos filhos.

“E tu pensas que eu e a tua mãe teríamos vivido felizes durante tanto tempo se tivéssemos sido casados?” – John Gay A Opera do Malandro. Aquela em que se inspirou Chico Buarque.

“O casamento é semelhante à vida nisto: é como um campo de batalha, não como uma cama de rosas” – Robert Louis Stevenson, Virginibus Purerisque. A solução passa por uma cama do tamanho de um ringue de boxe.

“- Chegou o tempo, rapaz, de tomares uma esposa.

– E devo tomar a esposa de quem, pai?” – Thomas Moore (e não Thomas Mann, o da Montanha Mágica), A Joke Versified.

“Quando um homem se casa, morre, ou se torna Hindu, os seus melhores amigos deixam de ouvir falar dele” – Percy Bysshe Shelley, carta a Maria Gisborne. Não vai ser assim, vamos é descobrir uma nova amiga, que os tempos mudaram

Posto isto, uma recomendação: façam meninos, e meninas. Muitos. É uma maneira de evitar o encerramento da maternidade na Guarda. E os vossos filhos vão ser, de certeza absoluta, maravilhosos.

Sugestões

Um livro (para a belíssima Patrícia): O Lírio do Vale, de Honoré de Balzac.

Uma cidade (para a lua de mel): Verona, Itália. O Cenário de “Romeu e Julieta” com Veneza a menos de uma hora).

Um blogue (para todos, e fora do tema desta crónica): http://o-espectro.blogspot.com/ (agora com Vasco Pulido Valente).

Por: António Ferreira

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