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Extintos Centros Novas Oportunidades da Afonso de Albuquerque e do CITEVE

Despachos que acabam com estruturas para ensino de adultos localizadas na Guarda e Covilhã foram publicados a semana passada em “Diário da República”

À semelhança do que se verificou com várias estruturas idênticas espalhadas um pouco por todo o país, também os Centros Novas Oportunidades (CNO’s) promovidos pela Escola Secundária Afonso de Albuquerque, na Guarda, e pelo CITEVE, na Covilhã, foram extintos a semana passada.

Os despachos de extinção – assinados por Gonçalo Xufre da Silva, presidente da ANQ (Agência Nacional para a Qualificação) – foram publicados em “Diário da República” no passado 30 de dezembro. No caso da escola da Guarda pode ler-se que se procedeu à extinção do CNO promovido pela Secundária Afonso de Albuquerque, criado pelo despacho conjunto n.º 449/2006, de 5 de Junho. Já no que toca ao CNO do CITEVE – Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (Covilhã), criado na mesma altura, foi extinto por despacho do presidente da ANQ e «mediante requerimento da entidade promotora». O diretor da Afonso de Albuquerque não foi apanhado de surpresa pela oficialização da extinção do CNO, até porque «já estamos parados desde setembro e desde essa altura que estávamos informados que o centro estava extinto», daí não perceber a publicação em DR apenas agora.

O argumento utilizado para o encerramento é «sempre o mesmo», lamenta António Soares, indicando que a justificação dada foi a de que «não estávamos a cumprir os objetivos e que não tínhamos o número de profissionais pretendido». O professor relembra que «fomos o último CNO a arrancar e há dificuldade em arranjar formandos», indicando que o máximo de inscritos que a estrutura teve se situa «entre os 400 e os 450». Por outro lado, o responsável sustenta que um aspeto «fundamental» é o «grau de exigência» que o CNO da escola que dirige «sempre teve»: «Procuramos fazer as coisas com seriedade e há outros centros que não são tão exigentes, alguns da região, e que os formandos, quer lá vão ou não, obtêm a certificação na mesma», sublinha. Sem querer especificar, António Soares disse que em setembro ainda fez uma exposição para o secretário de Estado da Educação, que a remeteu para a ANQ, organismo que «manteve a decisão».

Num tom crítico, o diretor da Afonso de Albuquerque sustenta que «isto não é educação para adultos», uma vez que «os desempregados são obrigados a fazer isto para terem direito ao subsídio de desemprego. Isto não é formação nenhuma», reclama. «Como é que alguém que não aprendeu inglês nem francês consegue ter certificação equivalente ao 12º em dois ou três meses?», questiona. A «grande maioria» dos formandos inscritos no CNO do estabelecimento pretendia concluir o 12º ano, sendo que «alguns já tinham tido formação no secundário mas faltavam-lhe algumas cadeiras». O responsável entende que o «sistema está falseado logo à partida e que não corresponde à realidade», considerando que «o governo deveria era ter reformulado o ensino de adultos ou de segunda oportunidade, chamem-lhe como quiserem». O professor sustenta que «é totalmente diferente um formando que já tenha tido formação no secundário concluir o curso do que alguém que tenha feito o 9º ano “de borla” faça também o 12º “de borla”», reforça.

Apesar das diversas tentativas, não foi possível obter um comentário de nenhum responsável do CITEVE, tanto da Covilhã, como da sede, em Vila Nova de Famalicão.

Ricardo Cordeiro Diretor da Afonso de Albuquerque considera que há CNO’s que «não são tão exigentes» quanto era o da escola que dirige

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