O Externato Evaristo Nogueira, em São Romão (Seia) obteve, na primeira fase de apuramento do Campeonato Nacional da Língua Portuguesa promovido pelo jornal “Expresso”, “SIC” e “Jornal de Letras”, a melhor classificação com um resultado surpreendente. Na verdade, dos 103 alunos concorrentes – e que representam 30 por cento do universo daquela instituição de ensino – 95 conseguiram o apuramento para a fase seguinte, o que representa uma taxa de sucesso na ordem dos 92 por cento.
E, pelos vistos, a obtenção de um brilharete no concurso do “Expresso” já não é novidade para os alunos do Externato. Isto porque na edição anterior foram a concurso perto de 70 estudantes, dos quais oito conseguiram mesmo chegar à final nacional.
O sucesso nas andanças pelo Campeonato Nacional da Língua Portuguesa é explicado pelo director do Externato Evaristo Nogueira, João Santos, pelo empenho dos sete professores que, actualmente, leccionam português na instituição. A chave passa pelo «espírito de grupo», já que todas as aulas, independentemente do nível de ensino, são planificadas em conjunto pelos professores.
Além disso, o Português parece mesmo constituir uma verdadeira prioridade na Escola. Exemplo disso, garante o seu director, é o «elevado» número de actividades relacionadas com a área. «No início do mês realizámos um Fórum de Pedagogia onde o Português e a Matemática estiveram em debate aprofundado», revela. E ainda, na última sexta-feira, teve lugar a actividade “Actos de Leitura”, que já conta com quatro edições. A ideia é «levar os encarregados de educação à escola, à noite, para que possam ler aos alunos alguns textos escolhidos». Para o próximo dia 28 está já agendado o projecto “Ler Consigo”, resultante de uma parceria com a DREC e a Associação de Professores de Português e que vai reunir no Externato «várias personalidades ligadas à instituição e à região que vão proceder à leitura de várias obras», explica João Santos. Mas há mais. Há muito que os alunos se habituaram à “Biblioteca de Turma”, uma actividade que se realiza quinzenalmente e que consiste na análise, numa das aulas de português, de uma obra infanto-juvenil recomendada pelos docentes e que os alunos têm de preparar anteriormente em casa. Tudo isto, refere o director, gera «uma grande apetência e familiaridade dos alunos com a língua».
Mas mais extraordinário é o facto de cerca de 50 por cento dos estudantes do Externato «serem considerados economicamente desfavorecidos», sendo muitos deles subsidiados pelo Ministério da Educação. Aliás, outra particularidade da Escola prende-se exactamente com a Acção Social, já que os alunos que não têm direito a qualquer ajuda por parte do Estado, o estabelecimento ajuda-os, concedendo-lhes algumas regalias, um tanto ou quanto inéditas. «Alguns deles almoçam na Escola e ainda levam o jantar para a família. Regularmente distribuímos roupa e presentes», assegura João Santos.
Quanto ao sucesso alcançado na edição 2006 do Campeonato Nacional da Língua Portuguesa, o responsável explica que o entusiasmo por parte dos alunos, manifestado através da grande adesão ao concurso, advém dos «resultados obtidos no ano passado» e garante que «não há qualquer segredo» que possa justificar as elevadas taxas de sucesso. «Os professores distribuíram os testes nas aulas, juntamente com algumas orientações básicas», explica. A partir daí, cada aluno terá desenvolvido a sua estratégia pessoal.
Rosa Ramos