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Expectativas

Teremos qualquer dia a tomada de posse do novo executivo municipal, das novas assembleias, a municipal e a da freguesia da Guarda. Sai Joaquim Valente e entra Álvaro Amaro; vêm Carvalho Rodrigues e João Prata para a assembleia e para a junta. Vai haver mudança em todos os órgãos municipais e vai chegar ao poder quem estava antes na oposição – salvo, quanto a João Prata, nas competências que mantém na antiga freguesia de São Miguel.

Numa autarquia como esta, dominada tantos anos por um só partido, este momento é de muita preocupação para muitos. Uma câmara com esta dimensão dá a vida a ganhar a muita gente. Houve na Guarda quem tivesse enriquecido à sua sombra, ou saído da mediocridade a que estava destinado, ou apenas conseguido o empregozito que não obteria de outra forma. Os júris estavam há muito formatados em determinada direcção e havia expectativas criadas. Havia quem tivesse ouvido que agora não, mas que daqui a algum tempo talvez. Há certamente concursos lançados e de certeza muitas promessas por cumprir. Neste concelho, tão dependente, de forma tão excessiva e tão pouco natural da sua câmara, esta mudança é necessariamente traumática. Isto não tem que ser mau, que maus eram os hábitos adquiridos e mantidos ao longo de décadas. Havia que mudar e acabar com os vícios e recomeçar, nessa relação entre a cidade e a sua câmara, do zero.

É claro que esta, sendo a legítima expectativa de muitos, e talvez a decisiva em muitos votos pela mudança, tem a possibilidade em si de um sinistro reverso da medalha. Há muita gente a dizer “é a nossa vez” e isso não é bom. A vingar esta ideia teremos a continuação dos velhos hábitos mas agora com uma cor diferente. Nada indica isso para já, assim como nada indica a possibilidade do seu contrário. Por isso, dando à nova administração o benefício da dúvida, vamos esperar para ver qual vai ser a política de contratações e despedimentos, quem irá ganhar os concursos para fornecimento de bens e serviços, quais as avenças a terminar e as que se irão seguir, quais as movimentações nas empresas municipais, as cabeças a rolar e tudo o mais expectável num ambiente de revolução como este mas tributário da lei e dos princípios.

Já agora vamos aguardar também por desenvolvimentos no Hotel de Turismo e na Plataforma Logística, que houve promessas feitas e há quem não se esqueça.

Por: António Ferreira

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