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Excesso de Pessoal

Falou-se de muita coisa durante a campanha eleitoral, mas muito do que foi falado era pouco importante e a maior parte era propaganda fácil. Falou-se do Hotel de Turismo, de uma eventual candidatura da cidade a património mundial e pouco mais. Por mim, e por duas vezes o escrevi nesta coluna, gostaria de ter ouvido argumentos e soluções para os dois maiores problemas da autarquia: o excesso de endividamento e o excesso de pessoal. Estes dois problemas acabam por estrangular a câmara e impedem-na de ter uma maior influência na resolução dos grandes problemas do concelho, como por exemplo o despovoamento e o desaparecimento de empresas, postos de trabalho e serviços.

Se a maior parte do orçamento camarário for para gastos com o pessoal e para o serviço da dívida, pouco sobra para investimento realmente relevante. Se este for, ainda por cima, pago tarde e a más horas, a câmara estará a contribuir para mais insolvências – e é lamentável que muitas das empresas que encerraram nos últimos anos o tenham feito quando eram credoras, e em importâncias elevadas, da Câmara Municipal da Guarda. Quando o dinheiro mal chega para pagar salários e juros, os fornecedores ficam normalmente para trás. Muitos fecharam, outros podem fechar ainda e muitos outros dizem já preferir não fazer negócios com a câmara. Regressamos ao início: que fazer?

Disse Álvaro Amaro na tomada de posse, mostrando ter-se apercebido da dimensão do problema, que não iria despedir ninguém mas que vai querer ouvir «explicações e justificações plausíveis para esta situação». Isso é bom mas não chega. As explicações já todos as conhecem e muitos criticaram o que esteve na origem de tanta contratação. A solução é o mais complicado. Para despedir, a Câmara teria de indemnizar os visados e isso não é barato. Manter o actual estado de coisas, então, parece ainda mais dispendioso e paralisante. E não esqueçamos que se a Guarda quiser apresentar ratios ao nível de Castelo Branco, o exemplo dado por Álvaro Amaro, na comparação entre o número de funcionários da autarquia e da população do concelho, terão de ser lançados para o desemprego mais de trezentos trabalhadores.

Aceita-se que o novo executivo não queira comprar esta guerra e se contente, para já, mas só para já, com «explicações e justificações plausíveis para esta situação». É importante também que não venha aí a vaga de contratações que muitas vezes se segue a uma mudança de regime.

Por: António Ferreira

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