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Europa

Menos que Zero

TGV

O Governo já decidiu: não vai ser uma, nem duas, nem três, mas, espantem-se, quatro as ligações a Espanha por TGV. Como ainda parecia pouco, o Governo acrescentou-lhe uma quinta linha, entre Lisboa e Porto.

Incrível, mas verdadeiro.

Num país onde há dezenas de localidades sem saneamento básico, onde faltam escolas e hospitais, onde morrem milhares de pessoas em estradas sem condições e onde a rede nacional de comboios fica aquém das necessidades, o Governo decide construir quatro, repito, quatro, ligações de alta velocidade a Espanha.

O ministro dos Transportes e Obras Públicas já veio dizer que o Estado vai pagar apenas 10 a 20 por cento da obra, mas parece estar a esquecer dois pequenos problemas.

1. Ao escolher quatro linhas, o Governo pretendeu agradar aos autarcas que exigiam a passagem do TGV pela sua região. Pois bem, agora vão todos exigir paragens nos respectivos concelhos e, se o Governo aceder, o TGV transforma-se numa ligação inter-regional.

2. O investimento previsto também levanta algumas dúvidas, pois o custo por quilómetro é muito inferior ao de obras semelhantes realizadas noutros países.

A este investimento inicial devem ser acrescentados os custos de exploração, isto é, o prejuízo que estas linhas vão dar. Como não há comparticipações europeias para explorações deficitários, o buraco vai ser pago por todos nós. Quer dizer, há gente que continua a fazer as necessidades num penico, que não tem médico de família e que se benze sempre que vai para a estrada levar o filho a uma escola situada a quilómetros de casa, mas, por estranho que pareça, cala-se quando vê os seus impostos serem desbaratados em linhas de TGV que ninguém vai usar.

Candidato

Tem-se falado na eventual integração de Carlos Pinto na lista do PSD ao Parlamento Europeu. Li algumas reacções a essa possibilidade e sondei pessoas da cidade. A opinião é unânime: o homem merece. Alguns vão mesmo mais longe. Não interessa para onde ele vai, desde que se vá embora. Sintomático.

Ensino Superior

Portugal é o único país da Europa dos Quinze com uma percentagem de licenciados inferior à média dos novos membros. A pergunta que se coloca é simples: que fazer perante estes números, quando as licenciaturas com procura não têm saídas profissionais e as licenciaturas que o mercado precisa não têm candidatos?

Por: João Canavilhas

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