P – Esperava ganhar quando decidiu avançar com a sua candidatura?
R – Claro. Quando avancei para este projeto foi nessa perspetiva. Fiz uma série de contatos prévios, onde se criaram grandes empatias, de modo a que desde cedo parti com a esperança e a quase certeza que iria ganhar, tanto quanto podemos ter certezas em atos eleitorais deste género.
P – Mas tem consciência de que a sua vitória poderá ter provocado alguma surpresa na opinião pública?
R – Eventualmente, porque sempre fui um militante do PSD, filiado em 1974, mas nunca tive grande protagonismo, desempenhei diversas funções, em várias comissões políticas, desde JSD, e mais tarde no PSD, mas na realidade nunca assumi grande protagonismo, mantive-me na retaguarda, sempre com grande espírito de missão, de ajuda e de tentar ajudar a resolver os problemas que iam surgindo. Portanto, é natural que nesta altura, aparecendo eu com mais protagonismo, existam pessoas que não me identifiquem, se bem que encontrei muita gente que quando falaram do meu nome ficaram admirados, de quem seria a pessoa, e depois de me encontrarem disseram que já me conheciam há muito tempo. Às vezes não se associa o nome à pessoa e daí também alguma situação de desconhecimento.
P – Quais as primeiras medidas que pretende levar a cabo?
R – As primeiras medidas estão já a ser efetuadas. O contato próximo e direto com os militantes, com uma intenção explícita no desenvolvimento das duas estruturas autónomas do partido, TSD e JSD. Começamos já a expressar a preocupação no sentido de que o partido esteja o mais próximo possível destas estruturas e ajude a dinamizá-las, sendo elas autónomas. Decidimos fazer reuniões da Comissão Política às segundas-feiras. Estatutariamente a comissão só tem que reunir de 15 em 15 dias mas nós, pelo menos nesta fase inicial, estamos a fazê-lo com uma periodicidade semanal.
P – Como vê a decisão de Carlos Pinto não tomar posse como presidente da mesa?
R – Vejo com tristeza porque tinha expresso durante a nossa campanha eleitoral a ideia de que teria imenso gosto em trabalhar com o companheiro Carlos Pinto. Portanto, fiquei triste ao saber da sua indisponibilidade para assumir o cargo para o qual foi eleito. De qualquer maneira, tenho que respeitar a sua posição, ele comunicou-me essa decisão, alegando até motivos de coerência, visto ter apoiado a lista A, que perdeu. No entanto, eu não via nisso qualquer incompatibilidade, eu e a minha equipa estaríamos na inteira disponibilidade de trabalhar abertamente com Carlos Pinto, mas tenho que aceitar a decisão dele democraticamente.
P – Como vê a acusação feita por Carlos Pinto de que os mandantes da sua candidatura não estão na lista?
R – Também com alguma admiração, porque eu nunca tive mandante, nem eu nem os meus companheiros. Parti para este projeto com uma ideia própria e fui contactando alguns companheiros no sentido de colocar em prática essa mesma ideia e à medida que foram surgindo as sinergias entre as pessoas que fui contactando, nasceu efetivamente a candidatura. Não sei onde é que o companheiro Carlos Pinto foi encontrar esses mandantes. Tive apoios de quem me acompanhou na lista e de quem não pôde ou não quis acompanhar, mas o facto de ter apoios não equivale a dizer que esses apoios sejam mandantes, longe disso.
P – A escolha do candidato do PSD nas próximas autárquicas é um problema ou um desafio?
R – É simultaneamente um problema e um desafio. É uma tarefa difícil por dois motivos: primeiro porque vamos ter que arranjar um candidato que vai efetivamente substituir o atual presidente da Câmara, que não se pode candidatar, que é uma personagem carismática com uma competência e capacidade de trabalho extraordinária, que ao longo destes últimos anos tem vindo a desempenhar a função com grande eficácia e profissionalismo. Portanto, substituir uma pessoa dessas características não é fácil. Por outro lado, estamos numa situação macroeconómica do país bastante penalizadora, fruto de políticas anteriormente postas no terreno pelo PS e que o PSD, em termos nacionais, tem vindo a tentar resolver os problemas com políticas que promovam alguma “austeridade”. Num quadro desses, é sempre problemático entrarmos numa situação de competitividade eleitoral autárquica, pois muitas vezes o eleitorado aproveita estas eleições para mostrar algum descontentamento com as políticas macroeconómicas do governo. Portanto, vamos ter que contornar essa dificuldade.
P – Acha que a sua eleição veio “baralhar as contas” de alguns putativos candidatos?
R – Eventualmente. Nós nunca apresentámos nomes concretos, apresentámos perfis que achávamos ser convenientes do próximo candidato à Câmara. Se realmente há ou havia pessoas com intenção de se candidatarem e que não se revejam nesse perfil, é natural que possa haver algum mal-estar relativamente a essas pessoas, mas não tive conhecimento concreto de nenhuma situação. É prematuro avançar com nomes nesta altura. É uma matéria que vai ser amplamente discutida dentro do partido e estou convencido que haverá mais do que uma pessoa que se adequa ao perfil que nós atribuímos e a seu tempo aparecerá o candidato ideal do PSD.