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Eu e O INTERIOR, 15 anos depois

Opinião 15º Aniversário

Há quatro jornais marcantes na minha vida. O INTERIOR é um deles.

Quando era pequeno, os jornais não abundavam lá por casa, mas era sempre uma alegria quando o meu pai comprava “A Bola”. Foi aí que li os meus primeiros artigos e crónicas de jornal. Os jornalistas eram bons e escreviam bem.

Foi preciso chegar à universidade para começar a ler jornais regularmente. Por coincidência, nessa altura, surgia o “O Independente”, um jornal que marcou a minha geração. Tirando um ano em que estive a estudar em França, comprei todas as edições e li-as religiosamente. Foi uma lufada de ar fresco que veio desempoeirar o português engravatado que até aí predominava na imprensa portuguesa.

Em 5 de março de 1990 saia a primeira edição do “Público”, que fez agora 25 anos. Um jornal que deu sempre prejuízo e um verdadeiro serviço público prestado por Belmiro de Azevedo a Portugal. O “Público” já não é o que foi – a racionalização de custos assim obrigou –, mas continua a ter secções com uma qualidade ímpar no panorama nacional, em especial a “Cultura” e a parte “Internacional”.

Por fim, O INTERIOR, que nasceu há 15 anos, no meio de um nevão. Com O INTERIOR deixei de ser um mero consumidor de jornais e passei a ser também um escrevinhador, ainda que intermitente, num jornal. Agradeço ao Luís-Baptista Martins a oportunidade.

O INTERIOR veio abanar as coisas na região. Distinguiu-se sempre pelo sentido crítico e por uma alergia congénita a qualquer tipo de subserviência aos poderes instalados. Escolheu o caminho mais difícil para garantir a sua sustentabilidade financeira – para usar um palavrão da moda.

O INTERIOR, contra ventos e marés, fez agora 15 anos de vida. Não é fácil manter este tipo de projetos a funcionar, sobretudo num tempo em que ninguém quer pagar pela informação. Mas, graças ao engenho e ao talento do Luís-Baptista Martins e dos jornalistas que ali colaboram, em especial o Luís Martins, que ali está desde a primeira hora, e ao apoio do José Luís Almeida, continuamos a poder ter a alegria de todas as semanas folhear e ler O INTERIOR. É uma alegria que não quero perder.

Espero que o Luís-Baptista e a sua equipa continuem a ter a imaginação necessária para saber adaptar O INTERIOR a este admirável mundo novo em que vivemos.

Um brinde a O INTERIOR.

José Carlos Alexandre*

* Professor do Instituto Politécnico da Guarda e colaborador de O INTERIOR

Sobre o autor

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