Arquivo

Eu apoio António José Seguro

Crónica Política

Em 2011, depois da demissão do secretário-geral (SG) do Partido Socialista e no consequente processo de escolha do novo líder, apoiei António José Seguro (AJS).

Passaram 3 anos. Neste tempo como líder da oposição, o lugar mais difícil na política nacional, como reconhecem todos os analistas e politólogos, o PS ganhou as eleições autárquicas com o maior número de presidências de Câmaras Municipais de sempre e ganhou, sem margens para dúvidas, as eleições europeias a uma direita unida.

No interior do PS procurou os consensos necessários para que as ideias, e projetos, dos seus adversários internos não fossem segregadas. No último congresso nacional integrou nas listas por ele propostas muitos dos seus críticos. António Costa é um exemplo ao liderar a lista para a Comissão Nacional.

Conheço AJS há duas dezenas de anos. Desde então, tenho tido o privilégio de com ele privar, o que me dá um conhecimento muito profundo das suas facetas políticas e pessoais.

AJS é uma pessoa para quem a honestidade é fundamental. Trabalhador incansável, competente, responsável, determinado e frontal, é também humilde, atencioso e dialogante. É amigo, solidário e leal. Tem um conhecimento do Portugal profundo e real como poucos.

Com uma carreira política já com alguma longevidade e com vários cargos assumidos, nunca se ouviu uma insinuação que fosse sobre atuações menos claras na política ou entre a política e o mundo dos negócios. Transparência na vida política e na vida pública é um dos seus lemas.

AJS assumiu sempre o PS por inteiro. A sua dedicação ao PS é inquestionável. Recordo quando renunciou ao seu lugar de deputado europeu (lugar tão ambicionado) para vir ajudar, como ministro-adjunto, um António Guterres já bastante desgastado no seu 2º Governo.

É um homem que honra a palavra. Os compromissos são para cumprir e não mera retórica. Ao contrário de outros, como por exemplo o atual governo, é fiel à palavra dada e gosta de cumprir escrupulosamente as promessas e os acordos.

Passados 3 anos o meu apoio só podia ir nova e inequivocamente para AJS. Não há razões para ser de outra maneira, antes pelo contrário.

Infelizmente outros não respeitam nem os acordos, nem os mandatos.

Não compreendo a posição do meu camarada António Costa. Porque é, também, da atual direção do PS como 1º eleito para a Comissão Nacional (órgão mais importante entre congressos). Porque estava a decorrer um mandato sem razões para se criar instabilidade. Porque tem afirmado reiteradamente que os resultados das europeias foram uma vitória e que o facto de ela não ser mais expressiva se deve a várias outras circunstâncias, inclusive aos últimos governos do PS. Porque nunca lhe ouvi invocar qualquer divergência ideológica com AJS. Porque nunca lhe ouvi falar em falta de diálogo por parte de AJS. Porque se esta atitude vingar se abre uma caixa de pandora que poderá levar qualquer militante, a qualquer tempo, a questionar a legitimidade dos dirigentes eleitos. Porque podia ter concorrido a SG do PS há pouco mais de um ano num congresso marcado para esse fim e o não fez. Porque disse que o cargo de Presidente da Câmara de Lisboa era incompatível com o cargo de SG e ao que parece agora já o não é. Finalmente, porque atitudes destas só levam ao afastamento dos eleitores dos políticos que aqui podemos retratar com o “o que eles querem é poleiro!”.

Neste momento o meu pensamento vai para o que aconteceu na Guarda há nove meses atrás. Com as devidas proporções e adaptações, o PS está a caminho de “um cisma” que dificilmente o levará à vitória nas próximas eleições legislativas seja quem for o líder. E há responsáveis. Neste caso o responsável chama-se António Costa.

E há quem se esteja a rir. Passos Coelho e Paulo Portas estão de “barriga cheia”.

Por: Fernando Cabral

Sobre o autor

Leave a Reply