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Editorial

1. Ainda que sem pressa, os partidos vão apresentando os candidatos à Assembleia da República pela região. O antigo presidente do Politécnico da Guarda, Jorge Mendes é, para já, a grande surpresa encabeçando a lista do Bloco de Esquerda. Jorge Mendes era tido como próximo do PS e nas autárquicas de 2009 apoiou mesmo a candidatura do PSD, como forma de oposição a Joaquim Valente. É, pois, com alguma surpresa e seguramente muita argúcia que o ex-presidente do IPG se apresenta ao eleitorado.

Se o PSD tem vários nomes para integrarem a lista de deputados que, provavelmente, Jorge Barreto Xavier irá encabeçar (ou Ana Abrunhosa se a presidente da CCDR assim o desejar), o PS anda à deriva e sabe apenas que José Albano será o número dois da lista. O Partido Socialista, depois de em 2011 ter eleito Paulo Campos, entretanto retirado, sem sucesso e sem reconhecimento, corre o risco de voltar a ter um paraquedista como cabeça de cartaz. O PS em vez de atacar as eleições para inverter o resultado, parece querer apenas recuperar um deputado perdido e por isso pode apresentar um nome nacional e pouco reconhecido na região. Edite Estrela parece ser um dos nomes preferidos pelo secretário-geral para ocupar “quota feminina” como cabeça-de-lista na Guarda –a ligação do seu marido a Poço do Canto poderá ser o antídoto para acalmar os que a vêm como uma paraquedista. Falta saber se Edite Estrela verá com bons olhos esta desclassificação para um distrito em que o PS tem um deputado e a missão de eleger dois. Estranhamente, o PS tem hoje falta de quadros respeitados no partido e reconhecidos na sociedade. Mas tem. Se António Costa quer uma mulher a encabeçar a lista na Guarda, pode escolher localmente Rita Mendes, vice-presidente da Câmara de Aguiar da Beira e que foi candidata ao Parlamento Europeu nas últimas eleições. É jovem, interventiva e reconhecidamente um trunfo do PS na região e não aparece caída do céu (pese embora fosse apoiante de Seguro). Ou optar por Santinho Pacheco, que foi o último governador civil do distrito e mantém uma boa imagem. Ou então abrir à sociedade e convidar alguém que seja uma mais-valia para o partido, não apenas eleitoralmente, mas também com novas ideias e dinâmicas e como sinal de renovação e rutura com o passado (um problema para o PS de Costa). Pior, muito pior, faria em aceder ao impulso de Joaquim Valente que se terá disponibilizado para ser deputado.

2. Há oito anos, quando sugeri a aposta na qualificação dos vinhos da região e a classificação em concurso, por forma a premiar o mérito e promover a qualidade e o prestígio dos néctares da Beira Interior, houve quem respondesse que não tínhamos produto nem produtores para participarem em tal façanha. Entretanto fez-se caminho. Um caminho de crescimento, engrandecimento e sucesso. Hoje, como se viu na entrega de prémios do 8º Concurso de Vinhos da Beira Interior, em Idanha-a-Velha, há mais produtores-engarrafadores (cerca de 70) e muito mais qualidade, tanta que o júri, reconhecido a nível nacional, conferiu aos medalhados qualidade superior. Os brancos frescos e suaves são os melhores do país. O tinto ganhou robustez e complexidade, superou todas as provas e irrefutavelmente tem lugar em qualquer mesa e qualquer prato. Assim se faz. Assim se desenvolve a região. Parabéns a todos os produtores, técnicos e dirigentes que contribuíram para fazer dos vinhos da Beira Interior tão bons a apetecidos.

Luis Baptista-Martins

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