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“Estrada Verde” empatada

Secretário de Estado das Obras Públicas sugere que seja Parque Natural da Serra da Estrela a propor soluções de traçado

«Não sei se há muito a fazer nessa estrada». A indefinição é de Jorge Costa, secretário de Estado Adjunto e das Obras Públicas, quando confrontado com o projecto da autodenominada “Estrada Verde”. A ligação da Guarda ao maciço central da Serra da Estrela continua no papel quatro anos após ter sido idealizada e assim vai continuar pelos vistos. O que não agrada a Maria do Carmo Borges, para quem o Governo está «mais uma vez a tentar empatar o processo».

À margem da visita a Gouveia, o governante declarou que a “Estrada Verde” tem uma «especificidade própria» pelo facto de atravessar a área classificada e sensível do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE): «Não podemos fazer uma auto-estrada pelo meio da serra, nem podemos fazer vias de lentos ou escapatórias em todos os sítios», acrescentou, considerando ser este um caso «evidente» em que devem ser as entidades ligadas ao Ministério do Ambiente «a dizer os sítios onde se podem fazer algumas melhorias, porque temos que encontrar uma solução que concilie os dois pontos de vista». Uma coisa é certa. Para Jorge Gaspar, o projecto tal como está «também não é bom em termos ambientais, porque provoca filas, poluição e um desgaste na paisagem. Mas fazer aumentar a plataforma da estrada também não é ambientalmente a solução ideal». Um dilema que, na sua opinião, caberá, entre outros, ao PNSE resolver através da proposta de soluções que permitam solucionar esta questão. «Ou seja, é fazer ao contrário do que é habitual e, em vez de ser o IEP a apresentar o projecto, poderá ser o Ministério do Ambiente, em conjunto, a propor as soluções dada a especificidade própria da intervenção», refere Jorge Costa.

A “Estrada Verde” é a porta de acesso directo da capital do distrito à Torre através de um projecto intermunicipal que envolve as autarquias de Celorico da Beira, Gouveia e Manteigas, co-financiado pela AIBT da Serra da Estrela e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC). Trata-se de uma via com características turísticas, com parques de repouso/miradouro, que aproveita estradas municipais e caminhos florestais já existentes no terreno e respeita as condicionantes ambientais da zona. Estava previsto passar por Trinta-Videmonte-Penha de Prados-Alto de Linhares-Portela de Folgosinho-Covão da Ponte-Cruz das Jugadas-Cruzamento com a EN232 e articular-se depois com a ligação à Lagoa Comprida, Loriga, Vide e, futuramente, ao IC6. O objectivo inicial era fazer desta estrada uma alternativa ao tráfego normal, devendo ser mantida com uma boa integração nas encostas. Uma perspectiva que Maria do Carmo Borges desespera em ver tornada realidade. «O Governo está mais uma vez a tentar empatar o processo, porque antes de ser assinado o protocolo entre os três ministérios envolvidos (Obras Públicas, Ambiente e Desenvolvimento), foi feito um estudo através do PNSE e foi definido o traçado de acordo com aquilo que o parque ditava. Portanto, essa não pode ser uma desculpa, pois o traçado definitivo já está de acordo com a opinião e o parecer do PNSE», sublinha a presidente da Câmara da Guarda, para quem esta via será «estruturante» para o desenvolvimento turístico da cidade. «Nós continuamos à espera que as obras comecem a curto prazo, mas não temos sequer respostas às nossas solicitações», acrescenta.

Luis Martins

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