O Governo começou por anunciar que os cursos com menos de 20 alunos iriam deixar de ser financiados. Agora Mariano Gago criou um pacote de excepções, que não serve os cursos do ensino superior da região. A mais lesada é a Escola Superior de Tecnologia e Gestão da Guarda (ESTG) com oito cursos na “lista negra”. Mas, ao todo estão previstos fechar uma dezena de cursos no Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e outros tantos na Universidade da Beira Interior (UBI).
O Governo recuou na anunciada intenção de fechar todos os cursos superiores com menos de 20 alunos. A medida tinha sido anunciada pelo primeiro-ministro, mas o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, assume agora que o número de licenciaturas a encerrar poderá «será bastante inferior». Serão poupados os cursos da «área das artes, os que tenham relevância social, os que sejam únicos e ainda os que funcionam em regime nocturno», acrescentou o governante em declarações ao “Expresso”. Na “lista negra” destaca-se a ESTG com oito cursos, designadamente, Engenharia Topográfica, Engenharia Civil, Secretariado e Assessoria de Direcção, Contabilidade e Auditoria (regime nocturno – só 1º ciclo), Tecnologias e Design de Equipamento, Gestão, Engenharia Informática e por último, Engenharia do Ambiente. E ainda o curso de Professores do Ensino Básico, variante de Português e Inglês, da ESEG, ou Tecnologias de Informação em Turismo da Escola Superior de Turismo e Telecomunicações de Seia. «O recuo ou aditamento do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior é um caminho no sentido da racionalização. Um país não pode ser apenas um conjunto de licenciaturas de êxito momentâneo», sublinha Fernando Santos, vice-presidente do IPG.
Na sua opinião, os cursos de Engenharia Topográfica e Engenharia Mecânica são «necessidades reais do país, apesar do pequeno número de candidatos». Por outro lado, devia-se «evitar a desertificação do interior ao nível dos alunos e, consequentemente, das famílias e do tecido económico». Segundo o vice-presidente do Politécnico, as empresas necessitam de engenheiros «nos locais onde se instalam», assim, «a continuar uma política de número pelo número, só Lisboa e Porto poderão receber indústrias», receia. Por isso, sugere que o Governo devia fazer uma «distribuição equilibrada, em termos geográficos, de alguns cursos com poucos candidatos», até porque foi a tutela que «decidiu autorizar a abertura de licenciaturas similares em instituições que estão muito próximas». Quanto ao processo de Bolonha, o IPG encontra-se num «estado avançado de adequação», pois duas das suas escolas converteram praticamente a sua formação para os novos moldes e as restantes estão a trilhar o mesmo caminho, refere. Já na UBI há dez cursos em risco. São eles Física e Química (ensino de), Engenharia Química, Informática (ensino de), Português e Inglês, Engenharia Têxtil, Engenharia Mecânica, Língua e Cultura Portuguesas, Português e Espanhol, Engenharia Electrotécnica e Engenharia Electromecânica. Recorde-se que mais de metade das licenciaturas da UBI já foram candidatadas à Direcção-Geral do Ensino Superior como estando preparadas para funcionarem sob os paradigmas de Bolonha no próximo ano lectivo.
Patrícia Correia