É mais uma iniciativa para promover a descoberta dos tesouros patrimoniais do centro histórico da Guarda. Três docentes da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), do Instituto Politécnico da Guarda, estão a desenvolver um “software” para definir percursos pedonais e guiar o turista por 18 pontos de interesse na zona mais antiga da cidade. O trabalho foi apresentado, na passada sexta-feira, em Lisboa, durante a Conferência Nacional de Turismo e Tecnologias de Informação Geográfica, e futuramente permitirá orientar os visitantes através de diversos mapas elaborados consoante o tempo dos percursos, as distâncias e os interesses de cada um.
«O projecto está numa fase muito embrionária e ainda tem pela frente um percurso muito longo até estar concluído. Vai continuar a ser desenvolvido com outras abordagens e sugestões que a Câmara possa dar, sobretudo no que respeita à sua aplicação», explica Elisabete Monteiro, que, com Elisabete Soares e António Monteiro, propuseram a ideia à autarquia. Para concretizar este trabalho, os três professores do departamento de Engenharia Civil da ESTG recorreram a tecnologias de Sistema de Informação Geográfica (SIG) que permitem a definição de um, ou dos melhores percursos, em função da distância entre os pontos a visitar e o respectivo declive. Daí nascerão vários roteiros pelo centro histórico a que o turista terá acesso previamente e de acordo com aquilo que pretende visitar. A forma e o meio a usar ainda não está definido. «A Guarda tem uma elevada riqueza patrimonial e histórica e, com esta ferramenta, nós esperamos contribuir para a sua divulgação, mas também promover a sua conservação», acrescenta a docente, considerando que a iniciativa «tem pernas para andar e vai ser muito útil para conhecer melhor os tesouros do nosso centro histórico». Para além da ESTG e da Câmara, o projecto envolve igualmente o PolisGuarda.
Na lista dos locais/monumentos a descobrir encontram-se a Sé, o ‘ex-libris’ por excelência da cidade e a Judiaria. Este pequeno bairro ainda preserva muitas das suas características medievais, como a calçada, as portas pequenas e ogivais e um casario térreo. Para ver há também os vestígios das muralhas, as torres dos Ferreiros e de Menagem e as portas que resistiram ao tempo. A do Sol, ou da Erva, é a mais conhecida e por ali terá entrado D. João I de Castela. Mas também solares, como o de Alarcão, construído no século XVII junto à Catedral, e algumas igrejas, com destaque para a de S. Vicente, um edifício de traço barroco datado do século XVIII, cuja nave ostenta um painel de azulejos alusivo a episódios da vida de Jesus Cristo. Verdadeiro tesouro é a janela manuelina renascentista sobre a Rua Francisco dos Passos. Alguns autores defendem que o edifício seria o Paço Episcopal medieval, onde o Bispo D. Álvaro de Chaves foi assassinado.
Luis Martins