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Estética e política

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O bom gosto educa-se. O gosto pode ser instruído, pode ser fundamentado para ser conceito e cultura. Uma casa feia custa o mesmo que uma bonita. Um prédio horrendo é pouco mais barato que um que nos orgulha. A estética tem a ver com conceitos filosóficos e com gosto. No teatro também houve os do discurso e os da forma. Com a exigência estética (aqui referenciada ao bom gosto) conceptualiza-se o discurso dentro da forma. Fazer com beleza é já por si só um ato público importante. Opta-se por um caminho de embelezar. Atacar/legislar sobre os sais e açucares pela defesa da saúde, tem por consequência a perda de peso e alindar as formas. Conseguido isso melhoramos a mobilidade e logo a performance e a saúde. Mas gordura é formosura? Seria se não comportasse diminuição das capacidades físicas. Cruzar a perna, apertar sentado os atacadores, são algumas das atividades impossíveis a um certo nível de Índice de Massa Corporal. A estética tem deste modo fronteiras reais. Mandar construir peças de arte é indiscutível para melhorar uma cidade e ganhamos em dobro se estas forem úteis. O raciocínio que me agrada mais coloca o útil de braço dado com o belo. Um político boçal, com modos grosseiros, é menos aprazível para mim, mas pode ganhar eleições. Um construtor civil pode edificar misérias sociais, mas um político pode escolher bairros sociais com jardins, com zonas de lazer seguras. O sentido estético é uma fundamentação da melhor política e da melhor saúde e da mais eficaz vivência. Um casal que se reencontra elegante tem uma maior apetência libidinosa que aquele que convive de chinelos. O gosto pode e deve ser educado, como o conhecimento linguístico e a matemática. A melhor política deve vestir a estética.

Por: Diogo Cabrita

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